Francisco de Mendia, Vice-Presidente da CV&A
As práticas de ESG (Environmental, Social and Corporate Governance) têm vindo a ganhar uma importância crescente no mundo empresarial. Estas boas práticas são cada vez mais importantes num mundo em que assistimos a uma crescente degradação do ambiente em que vivemos, mas também nas relações entre as pessoas, onde é notória a perda de valores que sempre demos por adquiridos.
Assim, não é aceitável que as empresas apenas se concentrem em medir os seus indicadores de desempenho financeiro e no retorno aos seus accionistas. É cada vez mais urgente cuidar do planeta que vamos deixar para os nossos filhos e netos.
Em termos ambientais é demasiado evidente o que se está a passar à nossa volta, que passa desde o degelo dos polos, aumento dos níveis de água, poluição dos mares e utilização massiva de bens que aceleram a degradação do nosso meio ambiente, entre inúmeras situações. O forte crescimento económico das últimas décadas também trouxe uma degradação ambiental exponencial. Assim, torna-se cada vez mais necessário cada um de nós e cada uma das nossas empresas ter um papel neste processo e contribuir para a melhoria da situação do nosso ambiente. De facto não é possível voltar as costas e fingir que nada se passa!
Por outro lado, no que diz respeito à componente social e ‘governance’, é necessário recuperar os valores que há muito se vêm perdendo, adaptando-os a novas necessidades que surgem com o evoluir dos tempos. Longe vão os dias em que grandes empresas portuguesas como a CUF, CP e até mesmo os jornais, tinham uma forte política de responsabilidade social com os seus colaboradores. São disso expoentes o Barreiro (CUF), mas também inúmeras iniciativas promovidas pelas mais variadas empresas. Lembro-me sempre da colónia balnear “O Século”, promovida pelo jornal do mesmo nome para os filhos dos colaboradores.
No que diz respeito ao ‘corporate governance’, por exemplo no caso da banca, são conhecidos casos de paquetes que chegaram a administradores. Situação que hoje em dia seria muito improvável.
Assim, se por um lado temos valores que devemos introduzir, principalmente no que diz respeito à defesa da natureza, por outro lado, temos valores que se perderam e importam recuperar do passado, adaptando-os aos dias de hoje.
Dessa forma, a CV&A pretende também cumprir com o seu papel, enquanto agente no meio económico. Por essa razão, aderimos recentemente ao United Nations Global Compact Network Portugal, ao Business Council for Sustainable Development e ao Compromisso Lisboa Acção Climática 2030 e ao Pacto do Porto para o Clima, cidades onde temos escritórios.
Esta preocupação global, com soluções e compromissos que resolvemos trilhar, tem muitas implicações na vida das empresas, cada vez mais. Em muitas situações temos limitações a nível de fornecedores, mas também de financiamento das empresas. Já são muitas as empresas que recorrem a financiamento verde, os ‘green bonds’, que são dívida emitida para beneficiar projectos com fins ambientais. Neste caso, o cumprimentos dos compromissos assumidos com a emissão da dívida permite melhores condições de financiamento para as empresas.
Na CV&A, ao longo deste processo que implicou olhar para dentro e melhorar todos os nossos processos, surgiu a possibilidade de ajudarmos os nossos clientes, assessorando a sua mudança para este novo paradigma. Para esse efeito criámos uma área de ESG, tendo como responsável nesta área como Chief Sustainability Officer a nossa colega Sofia Burnay.
Nesta edição da Revista PRÉMIO decidimos espelhar esta preocupação urgente para todos nós. Por isso falámos com vários dos nossos clientes e especialistas para conhecer o que de melhor é feito em Portugal nesta área. Temos um dossiê completo com algumas empresas como a Corticeira Amorim, Delta Cafés, Fidelidade, Luságua, REN, STCP e Valorpneu, mas também opinião de várias individualidades especialistas nesta área, tais como Assunção Cristas (VdA), Fernanda Ferreira (Directora-Geral das Actividades Económicas), Isabel Ucha (CEO da Euronext Lisbon), Beatriz Imperatori (Directora Executiva da Unicef Portugal), entre outros.
Convido-os a ler a PRÉMIO e a imergir neste tema tão importante para o nosso futuro.