Rui Tavares, Deputado do LIVRE
Os resultados destas eleições comportam várias lições, tanto à esquerda como à direita, e a capacidade dos partidos e das suas lideranças de as compreenderem será determinante para o futuro do nosso sistema político.
À esquerda essas lições são sobretudo que a convergência compensa e a intransigência é punida pelos eleitores. É esse um dos fatores que justifica os maus resultados de PCP e Bloco e que, em parte também, justificam a resiliência do LIVRE face à pressão do voto útil.
É de assinalar naturalmente o regresso do LIVRE ao parlamento, representando uma família política que não estava representada em Portugal de forma autónoma: a esquerda verde europeia. Este regresso é tão mais importante num ato eleitoral em que os maus resultados da CDU ditaram, infelizmente, que o PEV ficará de fora do parlamento, e em que o PAN perdeu o seu grupo parlamentar, provando assim a necessidade de o LIVRE ter um mandato mais ativo na defesa das causas e ideias da ecologia política.
À direita, a principal lição (que pelos primeiros sinais parece não ter sido aprendida) é que não isolar a extrema-direita resulta numa penalização pelos eleitores, que a querem ver afastada do poder, resultando no não reconhecimento do centro-direita como alternativa viável – é também uma das explicações para a surpreendente maioria absoluta do PS nestas eleições.
Uma maioria absoluta não é o melhor caminho para Portugal nesta fase da sua história, na qual o importante seria fazer uma democracia pluralista funcionar. No entanto, tendo em conta o caminho pior que seria fazer depender uma maioria da extrema-direita, os eleitores parecem ter optado por uma versão do “mal menor”. Resta aos representantes eleitos fazer dos resultados um bem maior, dando à democracia portuguesa, no mandato em que se comemorará o seu meio século, razões para poder encarar o futuro com mais confiança.