Quarta-feira, Maio 1, 2024

Luanda, cidade de cultura

Quingila Hebo

A capital angolana é rica em espaços culturais, para além das maravilhosas praias, da deliciosa gastronomia, e da mítica alegria e hospitalidade do seu povo. Há inúmeras opções para preencher a agenda em Luanda. Tome nota de um roteiro que promete tornar os seus dias na cidade ainda mais cheios. E, se tiver tempo, dê um salto às províncias.

No centro de Luanda, onde estão concentrados os grandes hotéis que todos os dias acolhem centenas de turistas, ainda que muitos em viagens de negócios, fica o Museu Nacional de História Natural, um dos mais importantes da cidade.

Viajar em negócios não invalida, nos tempos livres, por reduzidos que possam ser, passear e conhecer as gentes, os locais e as mostras de cultura. No Museu Nacional de História Natural, passamos em revista as espécies raras da flora e da fauna angolana. Visitar este espaço, em pleno Largo do Kinaxixe, é ter também acesso a “cartões de visita” das províncias do País, pois aqui estão expostas as principais atracções naturais que Angola oferece.

O Museu Nacional de História Natural de Angola foi inaugurado em 1938, como Museu de Angola, contando, inicialmente, com secções de Etnografia, História, Zoologia, Botânica, Geologia, Economia e Arte.

Mas há mais, para ver. E não fica assim tão longe. Luanda acolhe também um relevante acervo no Museu Nacional de História Militar. Situado no alto da Colina de São Miguel, no mesmo perímetro onde fica situado o Palácio da Presidência da República, na Cidade Alta, o Museu Nacional de História Militar expõe meios e equipamentos militares, entre eles viaturas pertencentes aos três principais partidos políticos angolanos, muitos deles abandonados (e depois recuperados) durante a Guerra Civil, em combate.

O espaço, em cujo exterior pode usufruir de uma notável panorâmica sobre Luanda, inclui um restaurante, na parte exterior, com uma deslumbrante vista para o mar.

Reaberto ao público há oito anos, foi antes conhecido como Museu Central das Forças Armadas, instalado em 1978. Actualmente, encontra-se em boas condições, com o acervo recuperado.

Abaixo da Colina de São Miguel, na zona dos Coqueiros, bem ao lado do Estádio dos Coqueiros (que também merece uma visita), fica o Museu Nacional de Antropologia. Fundado em 13 de Novembro de 1976, foi a primeira instituição museológica criada após a independência de Angola, ocorrida um ano antes.

Museu de História Militar, instalado na antiga Fortaleza de São Miguel de Luanda Foto: Leandro Almeida

Museu da Moeda, conta a história do nosso dinheiro desde o zimbo até ao kwanza Foto: Leandra Almeida

O Museu tem hoje um cunho mais científico, mas ao mesmo tempo cultural e educativo, vocacionado para a recolha, investigação, conservação, valorização e divulgação do património cultural angolano. É composto por 14 salas, distribuídas por dois andares que acolhem peças tradicionais, designadamente utensílios agrícolas, de caça e pesca, fundição de ferro, instrumentos musicais, joias, peças de pano feitas de casca de árvore e fotografias dos povos khoisan, da zona Sul do País (Cunene, Namibe e Huíla).

O espaço oferece ainda oportunidade para conhecer diversos instrumentos tradicionais e para ouvir uma demonstração do uso da marimba. A grande atracção do Museu é a Sala das Máscaras, que apresenta os símbolos dos rituais dos povos bantu.

Um novo ex-libris

A curta distância, em plena Marginal de Luanda, encontramos o Museu da Moeda, que conta a história do dinheiro desde o zimbo até ao kwanza. Este Museu, inaugurado em Maio de 2016, expõe notáveis colecções de numismática e de notafilia do Banco Nacional de Angola, alguns objectos de enquadramento e dispositivos audiovisuais que ajudam a compreender melhor o passado da moeda angolana.

A museografia assenta em núcleos temáticos que focam os pré-monetários e outros meios de pagamento, histórias de moedas singulares, a iconografia do dinheiro, a evolução da banca, ilustrações de notas, os elementos de segurança e testemunhos pessoais sobre o papel do dinheiro na vida do cidadão angolano.

Lá dentro, somos levados a uma viagem pelo tempo, com importantes e obrigatórias paragens. Começando no Nzimbu, pequena concha ou búzio, extraída das praias da Ilha de Luanda.

Do Museu da Moeda para o Palácio de Ferro, a distância é mínima. Este edifício foi reabilitado e transformado, em 2015, em casa das belas-artes, acolhendo importantes exposições, incluindo de escultura, pintura e fotografia. Até Junho, estiveram patentes as obras que foram a concurso na 16.ª edição do ENSA ARTE.

Na zona do Cruzeiro, vamos visitar a Casa-Museu Óscar Ribas, que preserva, desde 2015, a vida e obra do escritor, etnógrafo e ensaísta. A Casa-Museu é composta por nove salas de exposições, sendo uma delas dedicada à vida e obra do autor. As restantes mostram os bens que Óscar Ribas foi adquirindo ao longo da vida, incluindo relógios, máquinas fotográficas e máquinas de escrever.

Acolhe ainda uma biblioteca recheada de obras que pertenceram ao escritor, a par de livros centenários, algumas obras escritas em braile – o autor cegou ainda jovem – e revistas datadas da era colonial. Além dos bens pessoais, a Casa acolhe ainda móveis antigos, trazidos de Portugal pelos bisavós paternos de Óscar Ribas.

Luanda guarda estes encantos culturais e históricos que podem proporcionar um óptimo dia de passeio na capital angolana. Estes museus preservam bens materiais e imateriais da cultura angolana.

Palácio de Ferro, foi reabilitado e transformado, em 2015, em casa das belas-artes, acolhendo importantes exposições, incluindo de escultura, pintura e fotografia Foto: Leandro Almeida

O Museu regional do Dundo é um dos principais destinos de cientistas e turistas interessados em conhecer a história e a cultura da região Leste de Angola Foto: Wikipédia

Angola para lá de Luanda

Mas, de museus, não é tudo. Há dois incontornáveis fora de Luanda: Dundo e Mbanza Congo. O espaço onde fica localizado o Museu dos Reis do Kongo foi uma residência real construída em 1903 na capital da província do Zaire, Mbanza Congo. O espaço permaneceu encerrado durante anos devido ao conflito armado, mas foi reaberto em 2007, depois de beneficiar de obras de restauro e ampliação, passando a designar-se Museu dos Reis do Kongo. O edifício está classificado como Património Cultural Nacional.

Conta com 92 peças expostas e 16 em regime de reserva, o acervo está repartido por quatro principais grupos. O primeiro corresponde às peças que retratam aspetos históricos, geográficos e políticos, concretamente retratos, mapas sobre o território que abarcava o Reino do Kongo e respectivos reis que passaram pelo trono, bem como o carimbo. O segundo espelha a organização sócio-económica do Reino do Kongo, nomeadamente o testemunho do domínio da tecnologia de fundição de metais, entre os quais, o ferro. O terceiro grupo inclui peças que testemunham cultos ancestrais, como música e comunicação à distância, enquanto o quarto retrata a abertura do Reino do Kongo ao mundo ocidental.

Na região Leste de Angola, concretamente na província da Lunda-Norte, encontramos o Museu do Dundo, que possui uma colecção etnográfica das áreas geográficas da Lunda-Norte, Lunda-Sul e dos povos vizinhos. O acervo é composto por esculturas, máscaras, esteiras e cadeiras, elaborados com técnicas, estilos e matérias-primas tradicionais.

O Museu regional do Dundo é um dos principais destinos de cientistas e turistas interessados em conhecer a história e a cultura da região Leste de Angola, e é considerado um dos mais importantes patrimónios culturais em África.

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