Sexta-feira, Abril 26, 2024

Crescer votando

Ricardo David Lopes, Prémio

No próximo mês de Agosto, os angolanos vão às urnas, para escolher os deputados que os irão representar nos próximos cinco anos, e assim o Presidente da República, o líder do partido mais votado.

Uma eleição é sempre importante e determinante – e mais ainda quando está em causa a escolha de um Chefe de Estado e de Governo. É através desse acto que os cidadãos de um país decidem a quem confiar o exercício do poder e da gestão dos destinos da Nação, mas a quem é igualmente delegada a defesa e garantia de usufruto dos seus direitos, por um determinado período.

Nos países democráticos, com várias forças políticas, que têm diagnósticos do presente diferentes e visões distintas do futuro e dos caminhos a seguir para concretizá-lo, os actos eleitorais são sempre saudavelmente antecedidos, mesmo antes da campanha eleitoral, de debates acesos no espaço público, às vezes inflamados, opondo ideias e diagnósticos, objectivos e abordagens, métodos e escolhas.

O debate pré-eleitoral em Angola está já lançado, como temos vindo a assistir, e vai, naturalmente, “animando” à medida que se aproximar o “Dia D”, num exercício de democracia que todos os angolanos desejam e acarinham.

Será também com base neste debate de ideias e de escolhas que os eleitores vão decidir quem os vai representar até às eleições gerais de 2027.

Vale a pena, hoje, reflectir sobre o que mudou face ao cenário de 2017, no que diz respeito a factores que são importantes na forma como os eleitores são informados e envolvidos no debate político.

Há, desde logo, mais participação da sociedade civil. A sociedade civil angolana está mais forte e organizada do que há cinco anos, com novos movimentos, causas e rostos nos ‘media’ e no debate público. Reflecte um reforço da maturidade social e democrática, contribuindo positivamente para o debate e esclarecimento públicos.

Também a disputa política está mais acesa. Poucas vezes a arena política angolana esteve tão disputada como hoje, com os partidos da oposição reforçarem as suas críticas à governação e a procurarem formas de, em conjunto, poderem vir a ser uma alternativa de poder face à força política que tem sido escolhida pelos angolanos nas eleições anteriores.

A oposição está mais organizada, mais agressiva e ganhou espaço nos ‘media’, o que também permite aos eleitores perceber melhor que diferenças poderá trazer se vencer o escrutínio de Agosto.

Isto, num contexto sócio-económico complexo. As eleições deste ano ocorrem num cenário delicado do ponto de vista económico e social. A pandemia de Covid-19 veio criar uma enorme pressão sobre as empresas e as famílias, mas também sobre as contas públicas. O desemprego tem aumentado, os sistemas de saúde e de suporte social enfrentam um enorme desafio, e a contestação nas ruas, naturalmente, vai crescendo, como um pouco por todo o mundo.

Os angolanos são hoje mais exigentes e esperam mais de quem governa. Estão mais informados, mais integrados, mais maduros do ponto de vista da defesa da democracia, sabem o que querem e o que não querem.

Estão mais atentos ao discurso dos políticos, mais envolvidos no debate necessário e imprescindível que se faz em democracia, com serenidade, verdade e respeito pelo próximo, mesmo que pense diferente, sem demagogias ou promessas vãs.

Os dados estão lançados para uma pré-campanha e uma campanha históricas.

Partilhe este artigo:

- Advertisement -
- Advertisement -

Artigos recentes | Recent articles

Um país na flor da idade

Nos últimos 20 anos Angola sofreu inúmeras transformações, desde a mais simples até à mais complexa. Realizou quatro eleições legislativas, participou pela primeira vez numa fase final de um campeonato do mundo, realizou o CAN e colocou um satélite em órbita.

David Cameron

David Cameron foi Primeiro-Ministro do Reino Unido entre 2010 e 2016, liderando o primeiro Governo de coligação britânico em quase 70 anos e, nas eleições gerais de 2015, formando o primeiro Governo de maioria conservadora no Reino Unido em mais de duas décadas.

Cameron chegou ao poder em 2010, num momento de crise económica e com um desafio fiscal sem precedentes. Sob a sua liderança, a economia do Reino Unido transformou-se. O défice foi reduzido em mais de dois terços, foram criadas um milhão de empresas e um número recorde de postos de trabalho, tornando-se a Grã-Bretanha a economia avançada com o crescimento mais rápido do mundo.

Conferências com chancela CV&A

Ao longo de duas décadas, a CV&A tem vindo a promover conferências de relevo e interesse nacional, com a presença de diversos ex-chefes de Estado e de Governo e dirigentes políticos de influência mundial.

As idas e vindas da economia brasileira nos últimos 20 anos

Há 20 anos, o Brasil tinha pela primeira vez um presidente alinhado aos ideais da esquerda. Luiz Inácio Lula da Silva chegava ao poder como representante máximo do Partido dos Trabalhadores (PT).

Uma evolução notável e potencial ainda por concretizar

Moçambique há 20 anos, em 2003, era um país bem diferente do de hoje. A população pouco passava dos 19 milhões, hoje situa-se em 34 milhões, o que corresponde a um aumento relativo de praticamente 79%, uma explosão que, a manter-se esta tendência será, sem dúvida, um factor muito relevante a ter em consideração neste país.

O mundo por maus caminhos

Uma nova ordem geopolítica e económica está a ser escrita com a emergência da China como superpotência económica, militar e diplomática, ameaçando o estatuto dos EUA. Caminhamos para um mundo multipolar em que a busca pela autonomia estratégica está a alterar, para pior, as dinâmicas do comércio internacional. Nada será mais determinante para o destino do mundo nos próximos anos do que relação entre Pequim e Washington. A Europa arrisca-se a ser um mero espetador.

Mais na Prémio

More at Prémio

- Advertisement -