Ricardo Fortes da Costa, Diretor da RH Magazine
Teresa Almadanim, empresária e docente universitária, em 2018 foi desafiada pela Embaixadora do Paraguai em Portugal – Maria José Argaña – para liderar a Câmara de Comércio e Indústria Paraguai-Portugal (CCIPP), hoje o projeto da sua vida. Foi à Presidente da CCIPP que solicitámos uma breve descrição do País em causa e a justificação para que os empresários portugueses escolham aquele destino para os seus investimentos.
Paraguai: racional e emocional
Uma passagem pela América do Sul, há quatro anos atrás, levou a atual Presidente da CCIPP a apaixonar-se pelo Paraguai, um país ainda tão misterioso para os portugueses. O País faz fronteira com a Argentina, o Brasil e a Bolívia, tem um pouco mais de 7 milhões de habitantes, é um exemplo de estabilidade política, tendo um enorme potencial de desenvolvimento económico e oferece um mundo de oportunidades para o tecido empresarial português. A criação da Câmara de Comércio e Indústria Paraguai-Portugal, com a missão de dinamizar o intercâmbio económico entre os dois países foi, pois, um primeiro passo necessário.
Desde então a presença da CCIPP no Paraguai tem sido constante, promovendo viagens de empresários portugueses ao país uma a duas vezes por mês, o que se traduziu numa dinâmica imparável, com a abertura de diversas empresas portuguesas no Paraguai. Deste trabalho surgem dois resultados práticos que importam destacar: a potencialidade da criação de mais de 300 postos de trabalho e a cooperação no desenvolvimento de vários parques industriais. Só a pandemia abrandou este fluxo de colaboração e investimento, que Teresa Almadanim está determinada em retomar logo que as condições o permitam.
Tal como nos explicou: “O Paraguai é um país de enormes oportunidades para os empresários portugueses, seja pelos ótimos padrões de qualidade de vida e segurança, seja pelo facto de ser economicamente estável (tornando o país um excelente destino de investimento). A abundância de recursos naturais e de energia, combinada com uma população jovem e alicerçada no facto de o país ser a região fiscal mais competitiva e atrativa do Mercosul, criam condições para desenvolver negócios diversificados com um rápido retorno do investimento”.
A atratividade do Paraguai para os investidores portugueses tem por base um conjunto de pilares estratégicos, que são hoje a base do desenvolvimento do país:
1. O sistema fiscal, que se destaca por ser altamente favorável ao investimento, tornando o Paraguai o destino mais atrativo da América do Sul, ao ter a menor carga tributária da região;
2. A Lei Maquila, que faz do Paraguai a principal porta de entrada para o Mercosul. As empresas constituídas ao abrigo da Lei Maquila podem usufruir de importantes benefícios: i) isenção de tributação no processo produtivo; ii) isenção de imposto sobre a exportação de produtos e bens; iii) recuperação de IVA correspondente às compras de bens ou serviços; iv) isenção de taxas sobre a remessa de dividendos para o exterior; e v) importação de maquinaria e matéria prima sem taxação fiscal;
Teresa Almadanim, Presidente Câmara de Comércio e Indústria Paraguai-Portugal (CCIPP)
3. Incentivos à qualificação e empregabilidade de uma grande franja de população jovem, o que se traduz numa oportunidade para as instituições portuguesas de ensino e formação;
4. Energia elétrica em abundância, de origens renováveis e de baixo custo, tornando o processo produtivo muito competitivo;
5. Força laboral jovem e abundante, tornando fácil a captação de recursos humanos para os potenciais empregadores.
Sendo um dos maiores exportadores mundiais de soja e carne, com grande capacidade de produção e expansão, o Paraguai é assim também um potencial fornecedor de excelência para o tecido empresarial português. A produção de estévia (uma das melhores do mundo) é também um dos atrativos do país, uma vez que é um produto em enorme crescimento e que pode ser adquirido em condições fortemente atrativas.
“O papel da Câmara do Comércio passa assim por criar oportunidades de negócio para os empresários de ambos os países, permitindo não só criar postos de trabalho como qualificar muitos dos jovens paraguaios, aproveitando a experiência de Portugal em alguns setores estratégicos, como por exemplo o turismo”, acrescentou Teresa Almadanim.
Portugal, sendo um ‘case study’ no setor do turismo nos últimos 15 anos, tem no Paraguai um parceiro com potencial de desenvolvimento enorme, através de investimento direto de empresários portugueses que, podendo explorar a sua extensa experiência, serão, certamente, alavancas do desenvolvimento deste ‘cluster’ tão promissor da economia paraguaia.
Os projetos que têm vindo a desenvolver-se com empresas portuguesas passam já por setores tão variados como o têxtil, o imobiliário, o turismo, a metalomecânica, os vinhos, a construção civil e saneamento básico, mas também abrangem a qualificação profissional, a formação universitária e a formação de executivos.
Conhecer o Paraguai é, pois, o desafio que a Presidente da CCIPP nos deixa. Conhecer o Paraguai, país de oportunidades, é, certamente um projeto de futuro!