Segunda-feira, Maio 6, 2024

“O setor segurador reforçará a já enorme importância que tem hoje na economia portuguesa” | “The insurance sector will reinforce its already huge importance in the Portuguese economy”

José Galamba de Oliveira
José Galamba de OliveiraPresidente da Associação Portuguesa de Seguradores

Aproximamo-nos do final do ano de 2019 com os dois principais ramos da atividade seguradora com comportamentos distintos – o ramo Vida com um crescimento negativo quando comparado com os anos anteriores enquanto o ramo Não Vida, tradicionalmente mais dependente da evolução da atividade económica, mantém os crescimentos já observados nos dois últimos anos. 

Esta nova realidade no ramo vida a que assistimos em 2019 (que engloba a oferta de seguros financeiros com os seguros de capitalização ou até os muito conhecidos produtos para a reforma, os PPR’s) é influenciada  por condições macroeconómicas adversas, nomeadamente a existência de um ambiente anormalmente longo de baixas taxas de juros de médio e longo prazo e, também, pela ausência de estímulos fiscais adequados à promoção da poupança.

É também nesta altura do ano que perspetivamos o que nos pode trazer o novo ano de 2020. Em termos macroeconómicos os cenários centrais apontam para uma quebra ligeira do crescimento económico e de uma manutenção de taxas de juros a níveis historicamente baixos. 

Com estas premissas, no ramo Vida, o setor continuará com dificuldade em desenhar produtos que correspondam às expectativas dos clientes e consequentemente contribuir para reverter a reduzida taxa de poupança em Portugal. Por outro lado, enquanto grande investidor institucional, o setor segurador terá dificuldades acrescidas na obtenção de resultados financeiros e assim terá maior pressão no sentido da obtenção de resultados técnicos. 

Já nos ramos Não Vida, acreditamos que continuaremos a assistir a um crescimento da produção dos principais seguros deste ramo – automóvel, saúde, acidentes de trabalho e multirriscos – não só derivado ao crescimento expectável da atividade económica, mas também pelas novas oportunidades que se abrem para o setor segurador, decorrentes de novas realidades tais como, a emergência de novos riscos (cyber, drones por exemplo), de novas responsabilidades associadas às novas tendências na nossa sociedade (novas formas de mobilidade urbana, novas formas de relação laboral ou à economia da partilha), ou de novas necessidades que as novas tecnologias induzem na população em geral relacionadas com a propensão para a compra de seguros ‘on demand’.

Mas há um conjunto de desafios mais estruturais na nossa sociedade, que continuaram a ocupar a reflexão estratégica do setor segurador nos anos vindouros. Refiro–me às alterações climáticas e ao desafio demográfico.

O setor segurador está muito comprometido e diretamente envolvido na luta contra as mudanças climáticas em diversas vertentes, nomeadamente através do apoio à prevenção e à adaptação/transição. A APS, em representação do setor, é uma das subscritoras da Carta de Compromisso para o Financiamento Sustentável em Portugal e a nível europeu, com um ‘endorsement’ público ao Acordo de Paris.  

O setor tem vindo a incorporar princípios ambientais na subscrição de seguros e tem, a nível global, uma extensa experiência e ‘know-how’ em parcerias público–privadas, inclusivamente ‘know-how’ disponível para a criação de um sistema integrado para a proteção de riscos catastróficos para o nosso País. 

Ainda enquanto investidor institucional, o setor terá um papel essencial no financiamento de longo prazo para a economia, investindo cada vez mais em ativos verdes e sustentáveis. 

Já quanto ao tema do desafio demográfico que o nosso País enfrenta, o setor continuará a trabalhar no desenvolvimento de novas ofertas na área de vida e saúde, para dar resposta à realidade da maior esperança de vida e às doenças próprias do envelhecimento. E continuará a desenvolver estratégias no sentido de sensibilizar a sociedade em geral e os seus vários intervenientes em particular (governo e cidadãos) para a necessidade de se criarem condições para a emergência de um sistema complementar de reforma.

Em conclusão, o setor segurador reforçará a já enorme importância que tem hoje na economia portuguesa. É de facto um setor estruturante não só como grande investidor institucional e estabilizador da economia, mas também como parceiro das famílias e dos negócios na tomada de riscos relativos às suas atividades, preparando  a oferta de proteção e soluções de mitigação destes riscos, contribuindo assim, para o desenvolvimento, progresso e inovação da nossa economia e da sociedade em geral.

We are approaching the end of the year 2019 with the two main branches of insurance activity behaving differently – the life branch with negative growth when compared to previous years while the non-life branch, traditionally more dependent on the evolution of economic activity, keeps the growth rate witnessed in the last two years. 

This new reality in the life branch witnessed in 2019 (covering the provision of financial insurance with capitalisation insurance or even the well-known retirement products, the RPS) is influenced by adverse macroeconomic conditions, namely the existence of an environment of abnormally long low medium and long-term interest rates and the absence of adequate fiscal incentives to promote savings.

This is also the right time of the year to look at what the New Year 2020 may bring. In macroeconomic terms the central scenarios point to a slight fall in economic growth and interest rates which are due to remain at historically low levels. 

In light of these assumptions in the Life business, the sector will continue to experience difficulties designing products that meet customer expectations and consequently help reversing the low savings rate in Portugal. On the other hand, as a major institutional investor, the insurance industry will have additional difficulties in obtaining financial results and thus will suffer greater pressure to obtain technical results. 

In the Non-life branches, we believe that we will continue to witness growth in the production of the main insurances in this business – car, health, occupational accidents and multi-risk – not only due to the expected growth in economic activity, but also by the new opportunities that open up for the insurance industry as result of new realities such as the emergence of new risks (cyber, drones for example), new responsibilities associated with new trends in our society (new forms of urban mobility, new forms of employment relationship or the sharing economy), or new needs that new technologies induce in the general population related to the propensity to buy on-demand insurance.

But there are a number of more structural challenges in our society that continued to occupy the strategic thinking of the insurance industry in the years to come. I refer to climate change and the demographic challenge.

The insurance sector is very committed and directly involved in the fight against climate change in many ways, namely through support for prevention and adaptation / transition. APS, representing the sector, is one of the subscribers to the Letter of Commitment for Sustainable Financing in Portugal and at European level, with a public endorsement of the Paris Agreement.  

This sector has been incorporating environmental principles into insurance taking and has, globally, extensive experience and know-how in public-private partnerships, including know-how available to create an integrated system for catastrophic risk protection in our country. 

Furthermore, as an institutional investor, the sector will play a key role in long-term financing of the economy, investing more and more in green and sustainable assets. 

Regarding the issue of the demographic challenge facing our country, the sector will continue to work on the development of new products in the life and health areas, in order to respond to the reality of longer life expectancy and the diseases inherent to ageing. And it will continue to develop strategies to make society in general and the different stakeholders in particular (government and citizens) aware of the need to create conditions for the emergence of a complementary reform system.

“The insurance sector will reinforce its already huge importance in the Portuguese economy” It is in fact a pivotal sector not only given its role as institutional investor and stabiliser of the economy, but also as a partner of households and businesses in taking risks related to their activities, preparing the offer of protection and mitigation solutions for these risks, thus contributing, for the development, progress and innovation of our economy and society at large.

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