Domingo, Maio 5, 2024

Eles chamam-lhe África, nós chamamos-lhe lar

José de Noronha Brandão, Associate Partner CV&A

Hoje África tem aproximadamente 1,2 mil milhões de pessoas e em 2050 estima-se que atinja os 2,4 mil milhões – ultrapassando a República Popular da China, e o maior recurso deste continente é a uma população jovem, cheia de energia, criatividade e resiliência, ávida por construir futuros, muitos futuros e cheios de energia. O século XXI pode dar lugar ao renascimento africano se houver um desenvolvimento prioritário das pessoas através de investimento, em particular investimento nos jovens. Garantir que os jovens de África tenham acesso aos cuidados de saúde, educação e preparação para o futuro, é a melhor forma de se mudar a imagem de pobreza endémica e contribuir para a estabilidade e prosperidade não só do continente, mas do mundo. Já é altura de promover que cada geografia atinja estabilidade social, económica e política. As implicações sociais, políticas e económicas de grande alcance para o resto do mundo e, em particular, para a Europa, são enormes, por afinidade e proximidade.

Neste imenso continente, há um país enorme, quase 14 vezes maior que Portugal, e recordando a música de Matias Damásio, “vou mostrar-vos uma nova terra, agora sem guerra, Angola do meu coração”. Angola tem apostado no desenvolvimento de estratégias de médio e longo prazo para convergir investimento nacional e estrangeiro no país que mais esperança apresenta em se tornar um produtor de peso de energia eléctrica, um celeiro geográfico, um destino turístico de características únicas, um peso pesado na agroindústria, na indústria das bebidas, plataforma de passagem de mercadorias e bens de consumo, um centro geográfico logístico, uma ponte com a Europa via Portugal, uma ponte com a América do Sul via Brasil e Cuba, uma ponte com a Ásia via China, enfim, são tantos os macro-cenários e os caminhos de desenvolvimento no que pode revelar-se um país que vai desafiar muito em breve todos os índices de desenvolvimento. As abrangentes reformas do Presidente João Lourenço permitiram ao país embarcar numa missão de atrair investimento directo estrangeiro. A campanha global de carácter diplomático, historicamente um evento de investimento único, visa a transformação de fluxos de capital em projectos reais, com as iniciativas a serem apresentadas aos investidores de uma forma maior, em escala, dimensão e prestígio. A entrada no mercado, a facilidade de fazer negócios em Angola, a digitalização e a enorme adesão às tecnologias, que permitem colocar a gestão do país ao nível das melhores práticas internacionais. Angola abraçou o ambicioso programa para diversificar a economia, tornando-a menos dependente do sector do petróleo, e para melhorar o ambiente de negócios no país, objectivo para o qual têm sido vitais as medidas de combate à corrupção e saneamento das finanças públicas. Apostar em áreas que aparentemente são menos interessantes, como a educação e a saúde, representam afinal uma alavanca para o desenvolvimento social, estabilidade e criação de emprego. Os esforços de diversificação económica – atraindo novos tipos de turistas e procurando desenvolver o sector agrícola, agro-

-industrial e das pescas, a procura de investimentos sustentáveis que promovam o crescimento, enquanto mitigam a sua exposição aos efeitos das alterações climáticas, nomeadamente através do desenvolvimento da “economia azul”. Angola está determinada a aumentar os fluxos de comércio e investimento no âmbito da SADC (Southern African Development Community), com os países das regiões em que se insere – e que em alguns casos incluem as maiores economias do continente –  assim como com mercados extra-africanos.

Angola mostra-se ao mundo como destino de investimento com crescente potencial e o mundo tomou atenção e registou interesse. Identificadas as dificuldades políticas e económicas que não deixam de afectar, em diferentes medidas, as empresas estrangeiras, não podem, no entanto, constituir impedimento para se arriscar. O investimento, afinal, é a consciência do risco, sem que o risco impeça de se avançar. Há uma nova vaga de empreendedorismo em África, que necessita de um ecossistema de capital de risco para desenvolver o continente. Levar a tecnologia a mudar a natureza do trabalho e a fronteira de competências a mover-se rapidamente trazendo consigo oportunidades. Há uma grande nova vaga de empreendedorismo em África, de fundos de capital de risco, e estamos a apostar e a investir na criação de um ecossistema de capital de risco. As duas grandes áreas apresentam-se com as energias renováveis e a agricultura nos países África Subsariana, onde Angola se encontra, sendo uma região importante para a Europa, do ponto de vista estratégico. O grande foco está na área das mudanças climáticas e na medição do impacto dos projectos. Outra das áreas onde se deve continuar a apostar é na Saúde, desenvolver capacidades internas para financiar a pesquisa clínica sobre as doenças negligenciadas, ou seja, aquelas que não são rentáveis para a indústria farmacêutica, e que por isso não recebem financiamento suficiente para transformar a pesquisa em medicamentos. E tudo isto à distância da vontade dos investidores, pois um país sozinho não muda tudo. Parceiros, dinheiro, estratégia e visão, tudo aliado à informação, ideias, e inteligência, ou seja, a economia dos três “is”.

Vinte e cinco dos trinta países mais pobres do mundo estão em África. Mudar esta realidade assenta na vontade, que por sua vez assenta no conhecimento e leva, finalmente, ao investimento. Olhar novamente para um continente que tem tanto ainda para oferecer, população, juventude, recursos, espaço e com áreas onde o retorno é imenso: Agricultura, Pecuária e Silvicultura, Indústrias de Manufactura e Processamento, Pescas e Aquicultura, incluindo processamento de peixes, apoio à construção e habitação, cuidados de saúde (medicina preventiva, indústria farmacêutica, etc.), Educação – regular e técnico-profissional, Transportes e Telecomunicações, Hospitalidade e Turismo e, por fim, Tecnologia. Podemos reinventar um mundo novo, com melhores políticas socioeconómicas e ambientais, se estivermos dispostos, sem mudar de país, a mudar de continente! Eles chamam-lhe África, nós chamamos-lhe lar. 

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