Quarta-feira, Maio 1, 2024

Desígnio verde… | Green goal…

Helder Amaral
Helder AmaralDeputado do CDS-PP

DOSSIÊ ENERGIA & AMBIENTE

As mais recentes tragédias ambientais, como as recentes cheias vividas em Moçambique, convocam-nos para agir de forma reativa, mas ponderada e sustentada. Muitas ações de preservação do ambiente deveriam começar por cada um de nós. Contudo, é preocupante a mais recente revelação feita pelo Observatório do Consumo Consciente: “os Portugueses querem ser amigos do ambiente, mas não estão muito disponíveis para pagar por isso”. A economia verde, a economia circular, e a produção sustentável de energia têm de corresponder a uma prioridade das políticas públicas de todos os países, mas acima de tudo devem ser uma prioridade individual.

A sustentabilidade ambiental deve ser hoje avaliada de forma permanente, pois grande parte da nossa economia depende ainda de recursos provenientes de fontes esgotáveis. Um exemplo disso são os combustíveis fósseis, que são esgotáveis, mas não quantificáveis, sendo impossível perceber quando será o seu fim e qual o verdadeiro efeito desse esgotamento.

A “revolta do ambiente” tem-se manifestado por via dos fenómenos associados às alterações climáticas: os 20 anos mais quentes foram registados nos últimos 22 anos, e os anos de 2015 a 2018 ocupam os quatro primeiros lugares do ‘ranking’, diz a OMM (Organização Meteorológica Mundial). As consequências para várias regiões do Mundo são dramáticas, vendo aumentado o risco de incêndio, e posta em causa a biodiversidade e a atividade agrícola. Por isso, impõe-se pensar em alternativas.

Desde o início do milénio, Portugal conseguiu reduzir o impacto carbónico da sua produção de energia elétrica em 44%. Criou um ‘cluster’ industrial do sector eólico com milhares de empregos diretos, VAB nacional nos equipamentos eólicos com crescimento exponencial, aumento das exportações e redução do défice da balança de pagamentos por via da redução da importação de combustíveis fósseis para geração de eletricidade. Aposta semelhante está a ser feita na economia verde da Europa e do Mundo: estima-se na Europa investimentos de 1 bilião de € em infraestruturas até 2020 e 2,5 biliões até 2025, enquanto no Mundo serão 40 biliões de dólares para redes elétricas, 6 biliões para renováveis, e apenas 1 bilião de dólares para o nuclear. Ao mesmo tempo, o Conselho da Europa definiu como objetivo até 2050 uma redução de 80 a 95% de emissões de gás com efeito estufa. Uma meta ambiciosa, mas também um sinal claro do caminho a seguir para a indústria, em particular para o sector energético.

Descarbonizar e apostar no ‘mix’ energético ajuda a definir os vencedores do futuro, induzindo a aceleração tecnológica, promovendo as interligações e captando investimentos. Por exemplo, os investimentos programados pela União Europeia aumentarão, até 2030, quer em capex (1597 biliões de €), quer em opex (1770 biliões de €). Este aumento do investimento nas renováveis deve permitir que entre os Governos e as entidades privadas haja um equilíbrio na partilha de riscos que não ponha em causa o acesso à energia a preços equilibrados. Os fenómenos extremos continuam a ser uma realidade, principalmente em regiões subdesenvolvidas, constituindo um encargo dos países responsáveis pelas maiores “pegadas” ambientais a promoção de mudanças positivas, através da aposta em cidades inteligentes que preservem o ambiente pela utilização da tecnologia e partilha de informação, e de medidas de maior eficiência em domínios como o da habitação, e principalmente mobilidade autónoma e elétrica. 

Portugal, como país de grande diversidade e abundância de recursos (o mais recente, o lítio), é já uma referência na produção e consumo de energias renováveis. Somos um dos países europeus mais ricos em biodiversidade: a Rede Natura e as áreas protegidas incidem sobre um quarto dos municípios e um terço da população. As infraestruturas da rede pública de água servem cerca de 95% da população, e o tratamento de águas residuais cobre 80% do país. Temos por isso a responsabilidade de apoiar a experimentação, o desenvolvimento e produção de novas tecnologias, em especial no que diz respeito à energia solar, ao armazenamento de energia e à mobilidade elétrica.

Estamos numa excelente posição para tirar partido dos nossos recursos, liderando esta transformação económica e partilhando esse êxito com todo o território nacional e internacional.

The most recent environmental tragedies, such as the recent floods in Mozambique, call us to act reactively, but in a weighted and sustained manner. Many actions to preserve the environment should begin with each and every one of us. The most recent data provided by the Conscious Consumption Observatory are worrying: “The Portuguese want to be environmentally friendly, but they are not very keen on paying for it.” The green economy, the circular economy, and the sustainable production of energy must be a priority as regards public policies in all countries but it must be, above all, an individual priority.

Environmental sustainability must be assessed on a permanent basis, since much of our economy still depends on resources from exhaustible sources. An example of this is fossil fuels, which are exhaustible, but not quantifiable, and it’s impossible to see when they will end and what the true effect of this depletion will be.

The “environment uprising” has manifested itself through phenomena associated with climate change: the 20 warmest years have been recorded in the last 22 years, and the years 2015 to 2018 take the first four places of this ranking, according to the WMO (World Meteorological Organization). The consequences for various regions of the world are dramatic, see the increasing risk of fire and threats to the biodiversity and agricultural activity. Therefore, it is necessary to consider alternatives.

Since the beginning of the millennium, Portugal has been able to reduce the carbon footprint of its electricity production by 44%. It created an industrial cluster of the wind sector with thousands of direct jobs, national GAV in wind power equipment with exponential growth, increased exports and reduced the balance of payments deficit by reducing imports of fossil fuels for electricity generation. A similar bet is being made on the green economy of Europe and the World: in Europe investments of €1 billion in infrastructure by 2020 are estimated and 2.5 billion by 2025; and 40 billion dollars in electricity grids, 6 billion in renewables, and only 1 billion for nuclear in the world. At the same time, the Council of Europe set a target to reduce greenhouse gas emissions by 80-95% until 2050. An ambitious goal, but also a clear sign of the way forward for the industry, in particular for the energy sector.

De-carbonizing and betting on the energy mix helps defining the winners of the future, inducing technological acceleration, promoting interconnections and capturing investments. For example, investments planned by the European Union will increase by 2030 both in terms of capex (€1597bn) and opex (€ 1770bn). This increase in investment in renewables should allow a balance between risk-sharing between governments and private entities that does not jeopardize access to energy at fair prices. Extreme phenomena continue to be a reality, especially in underdeveloped regions, and it’s the responsibility of the countries with the largest environmental “footprints” to promote positive change, by investing in smart cities that preserve the environment through the use of technology and information sharing, and more efficient measures in areas such as housing, and especially autonomous and electric mobility. 

Portugal, a country with of great diversity and abundance of resources (the most recent is lithium), is already a reference in the production and consumption of renewable energies. We are one of the richest European countries in biodiversity: the Natura Network and protected areas cover a quarter of the municipalities and a third of the population. Public water network infrastructure serves about 95% of the population, and wastewater treatment covers 80% of the country. We therefore have a responsibility to support experimentation, development and production of new technologies, especially with regard to solar energy, energy storage and electric mobility.

We have the right conditions to use our resources, leading this economic transformation and sharing that success with the whole national and international territory.

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