Segunda-feira, Maio 6, 2024

Crescimento e equidade na América Latina | Growth and equality in Latin America

Luis Avellaneda Ulloa
Luis Avellaneda UlloaDiretor-Geral Realidades PR - Peru

As oscilações sociais e as diferentes e complexas realidades de cada país em 2019 e pelas quais a América Latina tem passado permitem-nos fazer uma leitura inequívoca dos níveis de crescimento económico e das oportunidades de cada país, não obstante as novas agendas sociais que reclamam e exigem uma melhor distribuição dos gastos sociais.

As demandas sociais são semelhantes e convergem na maioria das nações da América Latina. A Ipsos, numa investigação recente, indicava que entre as necessidades por satisfazer estão melhor educação, uma luta clara contra a corrupção, uma redução drástica nos níveis de criminalidade e redução progressiva das disparidades salariais. As semelhanças são grandes, sem dúvida.

O caso do Peru pode ser um exemplo claro dos sérios problemas de institucionalidade política. Recentemente, o Congresso da República foi dissolvido e foram convocadas novas eleições, havendo quem defenda que os resultados do próximo mês de janeiro não gerarão um panorama muito diferente daquele a que se assiste com o parlamento dissolvido, sobretudo dadas as poucas oportunidades que os candidatos terão de comunicar as suas propostas políticas e, no que toca ao eleitorado, não é de esperar que venham a ter um conhecimento básico das propostas dos quase três mil candidatos.

O Peru deverá crescer entre os 2,5 e os 3% em 2019. Trata-se de indicadores económicos positivos que revelam um crescimento constante e diferem categoricamente das crises políticas que estão a acontecer, uma realidade inescrutável que aponta para dois caminhos com objetivos muito diferenciados e onde se tenta que um não afecte o outro. 

O Peru é um dos países que mais se desenvolveu  nas últimas duas décadas e é considerado pela comunidade internacional como um dos principais mercados emergentes do mundo, graças à sua sólida base económica e recursos naturais importantes e diversificados. 

No entanto, dado seu estatuto de país emergente, o Peru tem pela frente o desafio de colmatar lacunas em matéria de infraestruturas tais como estradas, 4G, portos e transporte de passageiros. Reativar a indústria nacional, que não é muito variada e não é muito competitiva; e superar conflitos sociais que permanecem em algumas áreas do país e que impediram ou suspenderam a implementação de vários projetos mineiros, de hidrocarbonetos e petroquímicos, entre outros. 

Uma política económica correta, baseada no mercado livre, que gerou um aumento constante no consumo interno, baixas taxas de inflação e altos níveis de investimento público e privado, acompanhada por uma ampla variedade de commodities, permitiram ao Peru liderar o crescimento económico latino-americano nas últimas duas décadas e ser qualificado com grau de investimento pela Moody’s, Fitch Ratings e Standard and Poor’s. 

O Peru é um país que assenta grande parte da sua economia na exploração de minério e possui abundantes jazidas de cobre, prata, ouro, chumbo, zinco, gás natural, petróleo e ureia, entre outras commodities. De facto, é o segundo maior produtor mundial de cobre, prata e zinco; o terceiro produtor de chumbo, o quarto de estanho e molibdénio e o sexto de ouro. Além da exploração mineira, agricultura, pesca, bancos e serviços, hidrocarbonetos e construção são os principais sectores que impulsionam a sua economia. 

A agenda social exige melhores níveis de empregabilidade e o desenvolvimento económico das últimas décadas teve um impacto positivo no emprego dos peruanos. Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), no final de 2018, a taxa de desemprego atingiu apenas 4,5% entre a população economicamente ativa (PEA). No entanto, a informalidade do trabalho, que agrupa trabalhadores sem benefícios sociais ou que trabalham em unidades de produção não registadas, representa 65% do total e é uma situação para a qual as autoridades peruanas ainda não encontram uma saída. 

Por fim, o Índice de Percepção da Corrupção 2019, da Transparency International, indica que o Peru é o terceiro país visto como o mais corrupto da América Latina. O estudo revela que os países mais afetados pelos pagamentos de subornos são a Venezuela (onde 50% afirmam ter pago subornos), o México (34%) e o Peru (30%).

The social fluctuations and the different and complex realities of each Latin America country in 2019 may shed some unequivocal light on the economic growth levels and opportunities of each one of them, irrespective of the social agendas claiming and demanding a better distribution of social spending.

 Social demands are similar and converge in most of the nations in Latin America. Ipsos in a recent research pointed out that unmet needs include achieving better education, a clear fight against corruption, a drastic reduction in crime levels and a progressive reduction of wage gaps. Similarities abound, undoubtedly.

The case of Peru is a clear example of the serious problems of political institutionality. Recently the Congress of the Republic was dissolved and new elections have been called, and it is argued that the next results of the month of January will not offer a very different panorama from that of a dissolved parliament, especially due to the little opportunity candidates will have in communicating its political proposals and as regards voters they will not be able to get to know in detail the proposals of the almost three thousand candidates.

It is estimated that Peru will grow between 2.5 and 3% in 2019. These are positive economic indicators pointing to constant growth, a scenario differing from the current political crises, this being an inscrutable reality, pointing out to the existence of two clear paths with very different objectives that try not to affect each other. 

Peru is one of the countries that has experienced greater levels of development in the last two decades and is considered by the international community as one of the main emerging markets in the world thanks to a solid economic base and important and assorted natural resources. 

However, given its status as an emerging country, Peru has some challenges ahead, which include filling gaps in infrastructures such as roads, 4G, ports and public transportation. Reactivate the national industry, which is not very varied and is not very competitive; and overcome social conflicts that remain in some areas of the country and that have prevented or suspended the implementation of various mining, hydrocarbons and petrochemical projects, among others. 

A correct economic policy based on the free market, which has led to a constant increase in domestic consumption, low inflation rates, and high levels of public and private investment, together with a wide range of commodities, have made it possible for Peru to lead Latin American economic growth in the last two decades and to be qualified with investment grade by Moody’s, Fitch Ratings and Standard and Poor’s. 

Peru is a country where most of its revenues come from mining and has rich deposits of copper, silver, gold, lead, zinc, natural gas, oil and urea, among other commodities. In fact, it’s the world’s second largest producer of copper, silver and zinc; third lead producer, quarter tin and molybdenum, and sixth gold. In addition to mining, agriculture, fishing, banking and services, hydrocarbons and construction are the main sectors that boost its economy. 

The social agenda demands better levels of employment and the economic development of the last decades had a positive impact on the employment of Peruvians. According to the International Labour Organization (ILO), at the end of 2018, the unemployment rate reached only 4.5% among the economically active population (EAP). However, labour informality, which groups workers without social benefits or who work in unregistered production units, amounts to 65% of the total and this is a situation for which the Peruvian authorities haven’t been able to find a way out yet. 

Finally, the Corruption Perception Index 2019, of Transparency International, indicates that Peru is the third country that is perceived as the most corrupt in Latin America. The study shows that the countries most affected by bribe payments are Venezuela (where 50% say they have paid bribes), Mexico (34%) and Peru (30%).

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