Sábado, Maio 18, 2024

Compromissos para 2020 | Commitments for 2020

Francisco Calheiros
Francisco CalheirosPresidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP)

Muito se tem falado e escrito sobre o fim de ciclo de crescimento do Turismo em Portugal. Eu próprio já o fiz, com a diferença de que sempre me referi a um ciclo de “grande” crescimento. Porque os números não enganam e porque é mais prudente antecipar cenários com base em factos do que em especulações, vamos a alguns dados do INE. 

Entre 2015 e 2018, Portugal cresceu 45% em receitas turísticas, 32% em hóspedes, 27% em dormidas e 51% em proveitos. No total do ano de 2018, atingimos os 25 milhões de turistas. Em 2019, e até setembro, crescemos 7% nos hóspedes e 7% nos proveitos e recebemos 21 milhões de turistas (já agora, também este ano, Portugal subiu ao 12º lugar no ‘ranking’ de competitividade a nível mundial, de acordo com o Relatório de Competitividade no Turismo de 2019 do Fórum Económico Mundial que faz uma análise aprofundada do Turismo em 140 economias). 

Estes são os factos, que em nada indiciam o fim de um ciclo de crescimento. O que demonstram, sim, é um crescimento mais moderado. A exigir atenção, rigor, estratégia. 

Neste início de ciclo político e às portas de um novo ano, impõe-se do Governo uma atenção redobrada pela atividade que mais riqueza e postos de trabalho tem criado no nosso país, contribuindo de forma decisiva para o fim da terrível crise económica que assolou Portugal. 

2020 tem condições para se tornar mais um ano de sucesso para o Turismo. Estamos vigilantes, preparados e confiantes na nossa oferta de qualidade, no nosso serviço ímpar, nos nossos profissionais de exceção, na hospitalidade das nossas gentes. Mas o Governo tem de estar à altura das nossas ambições e, sobretudo, dos portugueses – sejam eles turistas, empresários, gestores ou simples cidadãos que sabem receber os visitantes como ninguém – cumprindo a sua parte. 

Não chega resolver o problema do aeroporto de Lisboa: é preciso investir em força nas infraestruturas aeroportuárias e na ferrovia em todo o território. Não é suficiente não tocar na legislação do trabalho: a atividade turística necessita de um quadro jurídico laboral que lhe permita fazer face às suas características intrínsecas. Só um Simplex é escasso: precisamos de uma verdadeira reforma de estado. E também de menos impostos, mais medidas de apoio à natalidade, mais instrumentos financeiros específicos para as empresas do turismo, mais inovação do sistema educativo que permita fazer face às novas necessidades da atividade. Do nosso lado, podem contar com o objetivo de sempre que é o de afirmar Portugal como o melhor destino turístico do mundo e contribuir para o desenvolvimento socioeconómico do nosso país.

Much has been said and written about the end of the tourism growth cycle in Portugal. I myself have done it too, except that I have always referred to this as a ‘big’ growth cycle. And considering that numbers are not misleading and given that it’s more prudent to anticipate fact-based scenarios than speculation, let’s look at some data from INE, the Portuguese Statistics Institute. 

Between 2015 and 2018, Portugal tourism revenues grew 45%, the number of guests 32%, overnight stays 27% and income 51%. In the year 2018, we reached 25 million tourists. In 2019, and until September, we grew 7% in guests and 7% in revenues and received 21 million tourists (by the way Portugal reached this year the 12th place in the global competitiveness ranking, according to the 2019 Tourism Competitiveness of the World Economic Forum (which performs in-depth analysis of Tourism in 140 economies). 

These are the facts and they don’t to the end of this growth cycle. They point rather to a more moderate growth. This requires more attention, rigor and strategy. 

At the beginning of the political cycle and on the eve of a new year, the Government needs to pay extra attention to the activity that more wealth and jobs has created in our country clearly contributing to the end of the terrible economic crisis that has plagued Portugal. 

2020 is set to become another successful year for tourism. We are on the lookout, prepared and sure of our quality offer, our unrivalled service, our exceptional professionals and the hospitality of our people. But the Government has to live up to our ambitions and, above all, the Portuguese – whether they are tourists, business people, managers or simple citizens who know how to welcome visitors like no one other – have to do their part. 

It’s not enough to solve the problem of the Lisbon airport: we need to invest heavily in airport infrastructures and in railroad throughout the territory. It’s not enough to perform changes in labour legislation: tourism needs a labour legal framework that allows it to cope with its intrinsic characteristics. Simplex, the Portuguese program to simplify administrative procedures, is not enough: we need real state reform. And also less taxes, more birth support measures, more specific financial instruments for tourism companies and more education system innovation to meet the new needs of this activity. As for us the country can always rely on us and on our goal of affirming Portugal as the best tourist destination in the world and thereby contributing to the socio-economic development of our country.

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