Sábado, Abril 27, 2024

A inevitabilidade da transformação digital

Fernando Resina da Silva, Partner VdA – Vieira de Almeida

John Chambers, ex-Presidente e CEO da Cisco, onde esteve mais de 20 anos, disse, ainda há não muito tempo, que “pelo menos 40% das empresas morrerão nos próximos 10 anos… se não conseguirem perceber como transformar toda a empresa para acomodar as novas tecnologias”. Por outro lado, li há poucos dias a seguinte anedota deliciosa: “Dois homens estavam a analisar o ‘ouput’ do fantástico novo computador do seu departamento. Após mais de uma hora de análise da informação dada pelo computador um deles diz: “Já notaste que seriam necessários 400 homens e pelo menos 250 anos, para fazer um erro tão grande?”

Esta citação e esta anedota ilustram bem onde se encontram grande parte dos decisores das nossas empresas no início da 4º Revolução Industrial. Se por um lado existe uma unanimidade quanto à necessidade das empresas se modernizarem, adotando as novas tecnologias, não só na criação e produção dos seus produtos e serviços, mas transversalmente em toda a sua atividade com o fim de se manterem competitivas, já a decisão quanto ao caminho a seguir e como utilizar, em cada caso concreto, as novas tecnologias, é mais complicado.

O potencial do manancial de tecnologias emergentes já ao nosso dispor, como a inteligência artificial, o ‘machine learning’, a robótica, a realidade aumentada, a internet das coisas, os drones, o ‘big data’, a ‘blockchain’, etc, é tudo menos claro para os empresários. Muitas vezes até a utilização de soluções tecnológicas que não são já assim tão novas, como a ‘internet’ e o ‘cloud computing’ – que afinal constituem o núcleo de tecnologias que, pela elevada capacidade de comunicação e de tratamento de informação estão na base da 4ª revolução industrial -, não são óbvias para os empresários.

O problema é que, permitindo a tecnologia uma mudança tão radical em toda a empresa, é difícil para um decisor determinar qual o caminho a seguir. O que vemos atualmente são empresas que, pontualmente, adotam novas tecnologias, sem uma estratégia de fundo, e com isto dizem que estão já em “processo de transformação digital”. Desenganem-se! Transformação digital é muito mais do que a adoção oportunística de uma ou outra tecnologia mais ‘sexy’. Caso assim não o entendam ficarão como na anedota que acima contei (sem resultados úteis e depois de terem “despendido” uma quantia considerável de dinheiro…).

Transformação digital, nas palavras da IDC, é o processo pelo qual as empresas se adaptam ou criam mudanças disruptivas, nos seus clientes e nos seus mercados, utilizando as tecnologias da era digital, transformando os seus modelos de negócio, melhorando a sua eficiência operacional e desempenho organizacional, com produtos e serviços inovadores que combinam o físico e o digital.  É, assim, uma transformação tão profunda que afeta os próprios modelos de negócio. Por ser tão amplo e invasivo é um processo que não pode ser deixado, apenas, nas mãos do IT da empresa. É fundamental envolver todas as componentes, desde os recursos humanos até ao marketing e vendas, passando pelo planeamento e produção, e não esquecendo o ‘compliance’ e a gestão de risco. A tecnologia impacta todas estas vertentes.

O problema está em “o que fazer” e “como o fazer”.

É sem dúvida um desafio para os decisores elaborar uma estratégia vencedora, neste mundo novo em que as capacidades da tecnologia são inúmeras e todos os dias somos bombardeados com novas propostas tecnológicas. Daí que o recurso a consultores especializados e a parcerias tecnológicas seja tão importante. Ninguém melhor do que o empresário conhece a sua atividade, os seus produtos e o seu mercado, mas quando falamos da transformação tecnológica é bom rodearmo-nos de quem tem competências específicas, num espírito de colaboração. É que, nesta nova era, a relação entre a empresa e o seu fornecedor, neste caso de tecnologia, tem de ser mais do que uma mera relação cliente/vendedor. Deve existir um espírito de parceria, capaz de gerar inovação diferenciadora. Só em conjunto e aliando os vários conhecimentos se consegue criar algo de inovador e alinhado, em que cada uma das entidades compreende a utilidade do que a outra lhe pode dar, colaborando com ganhos mútuos e com sustentabilidade. O trabalho de determinar como o negócio pode beneficiar da tecnologia e de como a tecnologia pode potenciar o negócio tem de ser feito em simultâneo, nos dois sentidos e em permanente diálogo. E não parar de transformar. Como dizia Mr. Spock, essa personagem iluminada da série ‘Star Trek’: “Change is the essential process of all existence”.

Partilhe este artigo:

- Advertisement -
- Advertisement -

Artigos recentes | Recent articles

Um país na flor da idade

Nos últimos 20 anos Angola sofreu inúmeras transformações, desde a mais simples até à mais complexa. Realizou quatro eleições legislativas, participou pela primeira vez numa fase final de um campeonato do mundo, realizou o CAN e colocou um satélite em órbita.

David Cameron

David Cameron foi Primeiro-Ministro do Reino Unido entre 2010 e 2016, liderando o primeiro Governo de coligação britânico em quase 70 anos e, nas eleições gerais de 2015, formando o primeiro Governo de maioria conservadora no Reino Unido em mais de duas décadas.

Cameron chegou ao poder em 2010, num momento de crise económica e com um desafio fiscal sem precedentes. Sob a sua liderança, a economia do Reino Unido transformou-se. O défice foi reduzido em mais de dois terços, foram criadas um milhão de empresas e um número recorde de postos de trabalho, tornando-se a Grã-Bretanha a economia avançada com o crescimento mais rápido do mundo.

Conferências com chancela CV&A

Ao longo de duas décadas, a CV&A tem vindo a promover conferências de relevo e interesse nacional, com a presença de diversos ex-chefes de Estado e de Governo e dirigentes políticos de influência mundial.

Mais na Prémio

More at Prémio

- Advertisement -