Sábado, Maio 18, 2024

“A Indústria irá continuar a apostar nos quatro ‘drivers’ tecnológicos” | “The Industry will continue to bet on the four technology drivers”

Helder Barata Pedro
Helder Barata PedroSecretário-Geral da Associação do Comércio Automóvel de Portugal (ACAP)

Em Portugal, o sector automóvel é responsável por vinte e um por cento do total das receitas fiscais, representa vinte e nove mil empresas e dá emprego a cento e setenta mil pessoas.

Por outro lado, Portugal é um país com indústria automóvel e, em dois mil e dezanove, iremos ultrapassar os trezentos mil veículos produzidos o que nos coloca definitivamente entre os países considerados produtores de veículos, a nível mundial. Noventa e sete por cento desta produção, destina-se à exportação, sendo este um dos principais sectores exportadores.

Em 2020, o tema da descarbonização irá continuar na ordem do dia. Portugal aprovou, este ano, o Plano Nacional de Energia e Clima 2030 assim como o Roteiro para 2050, os quais vêm colocar várias metas ao nível da redução de emissões no sector dos transportes, com a previsão de aumento de vendas de veículos com zero emissões de CO2.

É de salientar, que este sector é dos que mais tem investido no sentido da descarbonização, com o lançamento no mercado, quer de veículos eléctricos, híbridos ‘plug-in’ ou de baixas emissões. 

Mas, por outro lado e apesar dos ambiciosos objectivos definidos naqueles Planos pelo Governo, em Portugal o parque automóvel está a envelhecer, com todas as consequências negativas quer ao nível do ambiente quer da segurança rodoviária. A idade média dos veículos ligeiros de passageiros está em 12,6 anos. Em 2010, a idade média era de 7,2 anos!

Ora é, precisamente, aqui que reside um dos grandes desafios do nosso sector para 2020 e que consiste na necessidade de renovação urgente da frota em circulação.

A única medida para conseguir esse objectivo, passa pela reintrodução do incentivo ao abate de veículos em fim de vida. Esta é uma verdadeira medida de descarbonização da economia e o Governo devia rapidamente ponderar a sua reintrodução. Não podemos pretender ter um plano de redução das emissões para a próxima década sem ter em consideração que existem, em circulação, um milhão de veículos com mais de vinte anos e muitos deles no transporte público de passageiros.

Como exemplo, a Roménia, que ocupa actualmente a presidência da União Europeia, introduziu um incentivo de mil e quatrocentos euros para a compra de um veículo novo, contra a entrega para abate de um veículo em fim de vida.

O nosso Fundo Ambiental deveria, igualmente, apoiar este tipo de medida, fundamental para a descarbonização.  Segundo revela a comunicação social, até ao final do ano, serão aplicados quinhentos milhões de euros deste Fundo, pelo que seria necessária uma pequena parte deste montante, para obter resultados efectivos na descarbonização dos transportes.

Por outro lado, em 2020, o incentivo para a compra de veículos eléctricos deverá abranger um número mais alargado de veículos, pois o que está em vigor é manifestamente insuficiente. Tal como tem sido referido, a nível europeu, se os Governos querem apostar neste tipo de mobilidade terão de tomar medidas efectivas para que tal aconteça. 

Finalmente, e para o próximo ano, a indústria irá continuar certamente a apostar nos designados quatro “drivers” tecnológicos e que passam pelo incremento do “car sharing”, com a aposta forte dos construtores em ‘start-ups’ da mobilidade; pelo aumento da oferta de veículos eléctricos, híbridos ‘plug-in’ e de baixas emissões e pelos constantes desenvolvimentos ao nível da condução autónoma e da conectividade dos veículos automóveis. Passa por aqui o futuro do sector em 2020.

In Portugal, the automotive sector accounts for twenty-one per cent of total tax revenues, represents twenty-nine thousand companies and employs one hundred and seventy thousand people.

On the other hand, Portugal is a country with a car industry and, by two thousand and nineteen, we will cross the threshold of three hundred thousand vehicles produced thereby placing us definitely among the countries considered as car producers, worldwide. Ninety-seven per cent of this production is destined for export and this is one of the main exporting sectors.

By 2020, the topic of decarbonisation will continue on the agenda. This year, Portugal approved the 2030 National Energy and Climate Plan as well as the 2050 Roadmap, which set several targets for reducing emissions in the transportation sector, with sales of zero-emission vehicles expected to increase.

It’s worth mentioning that this is one of the sectors that has invested most in decarbonisation with the launch of either electric, plug-in or low emission hybrid cars. 

But, on the other hand, and despite the ambitious objectives set out in these plans by the Government, in Portugal the existing cars are ageing, with all the negative consequences both on the environment and on road safety. The average age of passenger cars is 12.6 years. In 2010, the average age was 7.2 years!

It is precisely here that one of the major challenges for our sector for 2020 lies and that the urgent need to renew the fleet in circulation is urgent.

The only measure to achieve this objective is to reintroduce the incentive to scrap end-of-life vehicles. This is a true decarbonisation measure of the economy and the Government should quickly consider reintroducing it. We cannot claim to have an emission reduction plan for the next decade without taking into account that there are one million vehicles with more than twenty years and many of them in the area of public passenger transportation.

As an example, Romania, which currently holds the presidency of the European Union, introduced an incentive of fourteen hundred euros for the purchase of a new vehicle against the delivery for scrapping of end-of-life cars.

Our Environmental Fund should also support this type of measure, which is crucial for decarbonisation.  As reported in the media, by the end of the year, five hundred million euros of this Fund will be spent; hence a small part of this amount would be needed to achieve effective results in the decarbonisation of transport.

On the other hand, by 2020, the incentive for the purchase of electric cars should cover a larger number of vehicles, as this is clearly insufficient. As has been said at European level, if governments want to bet on this type of mobility they will have to take effective measures to make it happen. 

Finally, and for the coming year, the industry will certainly continue to bet on the so-called four technology drivers that comprises increased car sharing, with manufacturers’ strongly betting on mobility start-ups; increase in the supply of electric, plug-in and low-emission hybrids, and constant developments in autonomous driving and car connectivity. The future of the sector in 2020 lies here.

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