Paula Gomes Freire, Sócia VDA – Vieira Almeida
Março de 2020. De lá para cá o mundo mudou. Great Reset, New Normal, Next Normal são expressões que passámos a ouvir com frequência e que nos dão uma ideia da magnitude e alcance desta experiência coletiva e transformadora a que a pandemia nos submeteu.
Lidar com as mudanças radicais e os níveis de incerteza que o novo vírus nos impõe requer, por parte de quem lidera uma organização, três coisas essenciais:
REAGIR – uma enorme coragem para tomar decisões rápidas e eficazes. De forma súbita, um pouco por todo o lado, vimos organizações inteiras passar a trabalhar de forma inédita. Fazê-lo, sem impactar a continuidade das operações, requer esta capacidade de reação ágil e atempada;
RESPONDER – uma noção brutalmente clara das prioridades. Mobilizar tudo e todos em torno do que é verdadeiramente importante: os Colaboradores e os Clientes, sempre, e, com particular enfoque nestes tempos de crise, a saúde de Todos, a gestão da Tesouraria e a transparência da Comunicação;
REINVENTAR-SE – uma vontade inabalável de sair mais forte da crise. Olhar para lá do imediato, identificar as oportunidades extraordinárias que qualquer crise sempre traz, imaginar o futuro e acelerar.
Reagir e Responder são exercícios muito exigentes mas, neste ponto da pandemia em que se torna mais ou menos evidente que a recuperação não será rápida ou imediata e que viveremos por algum tempo num contexto económico recessivo global, o verdadeiro desafio é Reinventar-se e antecipar as mudanças necessárias.
A emergência climática, a aceleração digital, a centralidade do modelo de negócio sustentável são tendências globais e transversais que a pandemia veio acelerar e que exigem novas respostas e um novo posicionamento por parte das organizações. Foco inabalável na qualidade e níveis de serviço, eficiência e previsibilidade dos custos, soluções integradas e de genuíno valor acrescentado para os seus Clientes são exigências que qualquer prestador de serviços profissionais terá que endereçar de forma renovada. As novas formas de trabalho – remoto, automatizado – e novos modelos de colaboração interdisciplinar exigem respostas inovadoras, capazes de atrair e reter os melhores talentos. As preocupações ambientais, societais e de ‘governance’ que a pandemia veio exacerbar exigem um novo compromisso com impacto nos modelos de negócio mais tradicionais.
Neste contexto de hiper incerteza, Reinventar-se obriga também a uma atenção redobrada aos sinais e há uma métrica que se tem destacado na definição das estratégias de combate à COVID19 que pode servir de inspiração. Trata-se do índice “Rt”, ou seja, o número médio de casos secundários que resultam de um caso infetado e que deve manter-se inferior a 1 sob pena de o contágio deixar de estar sob controlo. Uma vez que, entre o incremento do índice “Rt” e o aumento do número de pessoas hospitalizadas, há um desfasamento temporal, a monitorização do “Rt” acaba por funcionar como um sinal de alerta que permite a adoção de medidas antes que seja demasiado tarde.
Neste tempo em que somos chamados a reinventarmo-
-nos vale a pena estar alerta, vale a pena identificar aqueles sinais que, em cada negócio ou organização, devem ser cuidadosamente monitorizados para assim antecipar as mudanças necessárias. As organizações que o fizerem e agirem atempadamente sairão reforçadas desta crise.
De olhos postos no futuro e com a absoluta confiança de que também esta crise passará – Reinventemo-nos, pois!