David Seromenho, CEO CV&A Brasil
Moro num país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza, mas que beleza. Em fevereiro tem Carnaval…”. Sim, é no Brasil que estou a viver desde o dia seis de outubro de 2010, quando começou a minha aventura verde e amarela. Mas a história não pode ser ignorada. Há que preservá-la, com os olhos postos no futuro. E o início do meu percurso na Cunha Vaz foi há 18 anos, na bela “Lisboa menina e moça, menina. Da luz que meus olhos vêem tão pura ….”.
Com a Cunha Vaz atingi a maioridade e cheguei aos 18 anos de aprendizagem, conquistas, sucessos, desilusões, parcerias, humildade, celebrações, crescimento, mas acima de tudo gratidão pela caminhada. O “filho” saiu de casa para ir projetar o nosso nome em português do Brasil.
Sabia que quando deixei a minha zona de conforto, com vista para o Marquês de Pombal, a jornada não ia ser fácil. O Brasil não é para amadores. Para vingar neste país, há que ser persistente, estar disponível para enfrentar um mercado com características muito próprias e muito evoluído. O segredo é conseguir um equilíbrio e uma partilha das vivências que, em diversas áreas, são muito diferentes nos dois países. Acrescento ainda a paciência, a vontade de trabalhar e uma boa dose de otimismo, característica tão forte deste povo de sorriso no rosto.
Cheguei quando o país estava no auge e, ao longo destes anos, surfei por um mar muito agitado. Anos de grandes oscilações que provocaram uma forte ondulação, com picos que parecia estar a surfar a maior onda da Nazaré. Assisti a crises económicas, sociais e políticas, e mais recentemente a uma crise de saúde mundial. Mas vivenciei momentos únicos, onde o país mostrou ao mundo a sua capacidade e resistência.
A sucessão de crises contínuas, pode ter abalado a confiança interna e dos investidores estrangeiros e levado o nome do Brasil a fazer manchetes pelo mundo fora, não pelos melhores motivos. Mas o “gigante por natureza” vai-se erguer e, para mim, participar no dinamismo do mercado brasileiro é realmente uma oportunidade. Mas é também um grande desafio, cheio de obstáculos. Não tem sido fácil, mas tem valido muito a pena.
De olhos postos no futuro, as empresas brasileiras não desperdiçaram a oportunidade para voltar a conquistar o que é seu no mercado interno e externo. A persistência é um dom do brasileiro e a excelência de serviços e qualidade dos profissionais brasileiros não deixam nada a desejar, alinhando-se mesmo com as melhores práticas mundiais. Que as próximas pautas sobre o Brasil na imprensa internacional sejam mais risonhas. Acredito em um Brasil do futuro.
Mas o “filho” é português e o orgulho no meu país e das nossas marcas está sempre presente no meu comportamento diário. Desde que cheguei ao Brasil, tento mostrar o lado de Portugal, às vezes tão desconhecido, deste povo que fala a mesma língua.
Como dizia Vinicius de Moraes “Saudade tão fatal, saudades do Brasil em Portugal”. Para mim, usar uma palavra tão nossa é relembrar tanta coisa boa que tenho vivido nos dois países. Deste meu São Paulo uma mensagem de otimismo para todos aqueles que persistem e se reinventam.
À, também minha, Cunha Vaz & Associados, incluindo todos os colegas com que me cruzei, muitos parabéns por ter atingido a maioridade de uma forma tão brilhante, arriscando e levando o português de Portugal além das fronteiras.
(Texto escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico)