Cristina Ramos
“Respect others if you want them to respect you. If you want to survive, you really have to respect others to gain that respect for yourself.”
Sheikha Lubna bint Khalid bin Sultan Al-Qasimi
Burqa? Hijab? E Abaya? Não é obrigatório.
Podemos guiar? Podemos trabalhar? Sim.
Inevitavelmente milhares de perguntas, perceções, mitos e crenças invadem a nossa cabeça quando nos focamos no tema da mulher no Médio Oriente, e, mais ainda, se vamos começar a maior mudança da nossa vida.
Há quase seis anos embarquei numa experiência única, mudar-me para o Médio Oriente! Nessa altura questionei-me das grandes diferenças que existiam e existem na perceção da mulher no mundo Ocidental em comparação com o Médio Oriente. Mas, a verdade, é que se o caminho for feito com respeito, resiliência, aceitação, ordem e civismo, cada uma de nós tem o seu lugar.
Durante esta viagem a palavra resiliência tem sido a minha maior companheira, não só a nível pessoal, mas ainda mais a nível profissional. Estamos num país em que se sentam à mesa de reuniões tantas nacionalidades como o número de países do mundo inteiro, e se há uns anos as mulheres não eram presença assídua, hoje em dia são parte fulcral do motor que dá vida a este país.
Trabalho numa empresa onde 90% do talento são mulheres, trabalhamos com clientes sauditas na área da defesa, lidamos com generais, CEOs, construtores e carpinteiros, na sua grande maioria homens, e nunca me senti desrespeitada durante todos estes anos.
É certo, que antes de mim milhares de mulheres, nacionais e expatriadas, percorreram um longo caminho, através de trabalho, foco e compromisso, para conseguir o atual papel da mulher nesta sociedade. O resultado está à vista!
O relatório anual global de diferença de género do World Economic Forum (WEF) classificou o EAU como sendo líder na promoção da igualdade de género no Médio Oriente e posicionou os Emirados como um dos cinco países que melhorou no índice em geral, com diferença de género a diminuir pelo menos 4.4 pontos percentuais. Em 2021, o EAU foi classificado em 72º dos 152 países, quando em 2020 estava em 120º.
De acordo com o Ministério de Estado para Ciências Avançadas dos EAU, as mulheres representam 80% da equipa de ciência que está por trás da missão a Marte.
Concluo, assim, que no Médio Oriente existe um espaço muito interessante e único para as mulheres, porque não só existe a estrutura familiar para conseguir trabalhar como, por outro lado, se trabalharmos com determinação, se dermos a nossa opinião estruturada, se explicarmos o nosso ponto de vista e se continuarmos a apresentar resultados, existe inquestionavelmente um lugar para todas mulheres.
(Texto escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico)