Sexta-feira, Abril 26, 2024

“Tornar o turismo sustentável é essencial para a viabilidade desta indústria”

Fotos gentilmente cedidas pela Visabeira Turismo

Jorge Costa, Vice-Presidente do Conselho de Administração da Visabeira Turismo, Imobiliária e Serviços SGPS, SA

Ana Valado

Em entrevista à PRÉMIO, Jorge Costa fala-nos do desafio de aumentar a
sustentabilidade no sector e, em particular, na Visabeira Turismo. Para este
responsável, tornar o turismo sustentável é essencial para a viabilidade a
longo prazo desta indústria. Acrescentando que: “A gestão da sustentabilidade é a solução mais adequada para enfrentar os desafios actuais, tornando-os ambientalmente responsáveis, socialmente justos e economicamente viáveis”.

“EXISTEM QUATRO EIXOS QUE CONSIDERAMOS NAS DECISÕES
PARA TORNAR A NOSSA CADEIA DE HOTÉIS MAIS SUSTENTÁVEL:
O IMPACTO AMBIENTAL, ECONÓMICO, SOCIAL E CULTURAL.”

Como define o conceito de turismo sustentável?

Turismo sustentável é um turismo responsável que pretende minimizar os impactos ambientais da sua actividade, que mantém uma relação activa com a comunidade e que visa maior transparência e equidade com ‘stakeholders’, com o objectivo de um negócio competitivo e de longo prazo. O turismo sustentável impõe que os impactos ambientais, sociais e económicos do turismo sejam levados em consideração e sejam feitos ajustes relevantes para minimizar as consequências negativas da sua actividade. Consideram-se as necessidades dos viajantes, mas também as necessidades das comunidades, empresas locais e o mundo natural.

Esta forma de fazer turismo pode traduzir-se em adoptar métodos de transporte mais sustentáveis, ficar em acomodações mais ecológicas, comer alimentos de origem local, ética e evitar actividades nocivas à comunidade.

A sustentabilidade é uma preocupação para a Visabeira Turismo?

Embora o turismo possa gerar benefícios económicos para uma região e gerar empregos, também pode ter consequências negativas, incluindo o uso excessivo de recursos, impacto na natureza e danos na cultura local e, ao mesmo tempo, contribuir para as emissões de gases com efeito de estufa.

Para que o turismo continue a crescer é importante alterar os hábitos turísticos para evitar danos no meio ambiente, às comunidades locais e aos recursos naturais. Tornar o turismo sustentável é essencial para a viabilidade a longo prazo desta indústria como um todo.

A Visabeira Turismo tem vindo a implementar medidas de âmbito social, ambiental e de governação, com vista a ter uma oferta cada vez mais sustentável.

Para além disso, os hábitos claramente estão a mudar e, de modo geral, as cadeias hoteleiras mais antigas estão a adaptar-se e as novas unidades hoteleiras já iniciam a sua actividade com práticas actualizadas em linha com as preocupações de sustentabilidade. Tanto por preocupação ambiental, para atrair um público cada vez mais atento e sensível a estes temas, ou para poupar recursos, toda a indústria está a tomar medidas que vão ao encontro da sustentabilidade ambiental e social.

Como a Visabeira Turismo integra conceitos de sustentabilidade nos seus processos de tomada de decisão?

Os conceitos de sustentabilidade são já parte integrante dos critérios decisores não só da Visabeira Turismo, mas do próprio Grupo Visabeira, quer nos processos de compras, selecção de equipamentos e produtos, escolha de fornecedores, optimização de processos, entre outros. O facto de estarmos a sistematizar todos os indicadores neste âmbito vai igualmente ajudar a estas questões terem um papel cada vez mais relevante na tomada de decisões.

Quer destacar-nos algumas das principais iniciativas de sustentabilidade que a Visabeira Turismo implementou nos últimos tempos?

Aumentar a sustentabilidade na Visabeira Turismo, e em geral na hotelaria, é um dos grandes desafios do sector. Existem quatro eixos que consideramos nas decisões para tornar a nossa cadeia de hotéis mais sustentável: o impacto ambiental, económico, social e cultural.

Das várias medidas que tomámos, destaco a utilização de equipamentos eficientes com vista à diminuição de consumos em especial de água e energia, consumo e valorização de produtos e produtores locais, implementação de medidas com vista à redução do uso de plástico, nomeadamente garrafas de plástico e ‘amenities’ em embalagens individuais em plástico. Também o nosso destaque para o Farm to the table, ou seja, produção agrícola própria para abastecimento dos restaurantes da marca. Apostamos igualmente na sensibilização, formação e qualificação de colaboradores nesta área. Por fim, destaco ainda o papel que temos tido em termos de sustentabilidade cultural, pelo património classificado que temos recuperado e preservado no âmbito da nossa atividade hoteleira. Deste último ponto destaco a “Casa da Ínsua”, a conversão de um palácio barroco do séc. XVIII numa unidade hoteleira de charme, em Penalva do Castelo, a 20 minutos de Viseu, e o recém inaugurado Montebelo Mosteiro de Alcobaça, um projecto do arquitecto Eduardo Souto Moura que de forma exemplar converteu o Claustro do Rachadouro numa unidade de cinco estrelas perfeitamente integrada no Mosteiro de Alcobaça, que além de uma das Sete Maravilhas de Portugal é Monumento Nacional e classificado Património da Humanidade pela UNESCO. O conceito do arquitecto Eduardo Souto Moura para ressuscitar o vetusto edifício foi inspirado no minimalismo e desapego da vida conventual, limpando o mesmo das inúmeras intervenções mais recentes e recuperando o espírito que marcou o imóvel ao longo dos séculos.

Esta visão de arquitectura conseguiu destacar o virtuosismo e qualidade de materiais nobres como a pedra, a madeira, as peles, o aço, o betão e o vidro, em perfeita união com as seculares raízes do edifício e o irrepreensível respeito pelas pré-existências e pela história do Mosteiro.

Para além do projecto, o Arquiteto Eduardo Souto Moura é, também, o responsável pelo ‘design’ do mobiliário, especialmente desenvolvido para o hotel e pela decoração do espaço.

Este projecto é um exemplo de como a articulação entre a actividade privada e o património público dá respostas à recuperação e manutenção de espaços, tendo a intervenção constituído uma responsabilidade incomensurável, dadas as condições de degradação em que se encontrava aquela ala do monumento.

Ao mesmo tempo, foi um enorme desafio à capacidade de engenharia e de adaptação do espaço ao conforto e segurança que contemplam a experiência hoteleira contemporânea, numa intervenção que valorizasse a existência social e cultural do património, integrando-o harmonicamente nas necessidades funcionais da unidade hoteleira, sem perder o espírito do edificado.

Como a Visabeira Turismo garante que as suas unidades turísticas atendem aos padrões de sustentabilidade adequados?

As unidades hoteleiras precisam de soluções claras e objectivas para as questões da sustentabilidade e, assim, adquirirem vantagem competitiva. Este tema representa um enorme desafio e uma forte necessidade de planeamento.

A Visabeira Turismo já procedia a formas de controle e registo de alguns processos neste âmbito, mas, recentemente, integrou o projeto Empresas Turismo 360º em conjunto com o Turismo de Portugal, o que vai permitir avaliar o nosso posicionamento na área ambiental, social e de governação. Integrar este projecto está a ajudar-nos a definir uma estratégia de sustentabilidade, gestão e monotorização do desempenho e conseguir fazer um reporte regular dos resultados. A gestão da sustentabilidade é a solução mais adequada para enfrentar os desafios actuais, tornando-os ambientalmente responsáveis, socialmente justos e economicamente viáveis!

As novas unidades inauguradas este ano, nomeadamente em Moçambique e em Lisboa, atendem a requisitos mais exigentes ao nível do ESG do que a unidades hoteleiras e turísticas já existentes? Quais as principais apostas?

Como já referi, a nossa aposta nesta área passa nomeadamente pela utilização de equipamentos com vista a consumos mais eficientes de água e energia, valorização de produtos e produtores locais, implementação de medidas com vista à redução ao mínimo do uso de plástico, aposta na formação e qualificação de colaboradores nestes temas e também, nestes projetos, no investimento na recuperação e preservação de Património Classificado e Natural.

Quais os desafios enfrentados pela Visabeira Turismo na implementação de práticas de turismo sustentável e como estão a ser superadas essas dificuldades?

No decorrer do processo deparamo-nos com dificuldades internas e externas, associadas muitas vezes à organização e sistematização da informação, reduzida formação nestas matérias, inconsciência da importância das pequenas acções, objectivos com retornos de longo prazo, inércia inata à alteração de alguns processos, entre outros.

“A SUSTENTABILIDADE NA HOTELARIA É UM DOS GRANDES DESAFIOS DO SECTOR.”

“EXISTE UMA TENDÊNCIA CADA VEZ MAIOR DOS CONSUMIDORES A PREFERIR HOTÉIS COM SENTIDO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL, PELO QUE A PRÓPRIA IMAGEM DE MARCA É BENEFICIADA.”

O que está previsto nesta área para o futuro?

Para o futuro pretendemos consolidar algumas das medidas já previstas, nomeadamente, plástico 0, optimização de consumos, aumento de parcerias locais e aposta na formação e informação de colaboradores, clientes, fornecedores e partes interessadas.

Para 2023 pretendemos analisar uma maior aposta na produção energética sustentável, aproveitando o saber interno e localização privilegiada de alguns espaços.

Também de forma mais rigorosa, seguindo padrões nacionais e internacionais, elaborar os relatórios de sustentabilidade permitindo saber exactamente onde estamos e desenvolver de forma mais eficiente planos de melhoria.

Portugal está no bom caminho para um turismo sustentável? Na sua opinião este conceito já é importante para atrair estrangeiros ao nosso país?

Penso que sim, claramente os clientes valorizam cada vez mais as cadeias hoteleiras que têm um verdadeiro compromisso com a sustentabilidade e estão dispostos a reconhecê-las com a sua preferência. Existe uma tendência cada vez maior dos consumidores a preferir hotéis com sentido de responsabilidade social, pelo que a própria imagem de marca é beneficiada.

Programas como Empresas Turismo 360º colocam o Turismo de Portugal como pioneiro no caminho da sustentabilidade, colocando o sector no rumo certo para o futuro.

Em 2022, o Grupo inaugurou o Montebelo Milibangalala Bay Resort, perto de Maputo, em Moçambique e o hotel Montebelo Mosteiro de Alcobaça, da autoria do arquitecto Souto Moura. Que novas unidades estão previstas para este ano e em que geografias?

Além destas duas unidades em Portugal e Moçambique inauguradas em 2022, que já se estão a revelar como referências do sector em 2023, temos uma inauguração prevista para o início de 2023. A cadeia Montebelo Hotels & Resorts vai inaugurar no coração de Lisboa, no Chiado, o Montebelo Vista Alegre Chiado Hotel, uma unidade associada a uma das marcas portuguesas com maior prestígio, a Vista Alegre.

Esta unidade, localizada no Largo Barão de Quintela em pleno Chiado, será um cinco estrelas com cerca de 58 quartos e suites com um excelente bar e restaurante.

Neste momento quantas unidades hoteleiras e turísticas possui o grupo Visabeira?

Com 15 unidades em Portugal e Moçambique, a Montebelo Hotels & Resorts conta com uma história de mais de 25 anos na hotelaria portuguesa, sendo a maior cadeia hoteleira da região Centro de Portugal.

Uma vasta tradição gastronómica e a ligação rápida a outras cidades nos seus destinos tornam os seus hotéis e ‘resorts’ o ponto de partida ideal para partir à descoberta da tradição, cultura e experiências que a Montebelo proporciona aos seus hóspedes e convidados, quer se trate de uma viagem de negócios, uma estadia em família ou um evento corporativo.

Com origem em Viseu, a cadeia Montebelo dispõe de três unidades na cidade. A primeira unidade do grupo, o Montebelo Viseu Congress Hotel é um incontornável marco na hotelaria do centro de Portugal. O recentemente remodelado hotel oferece o melhor da hospitalidade e gastronomia, quer para estadias em trabalho, quer para quem viaja em lazer.

O segundo, e também ele alvo de uma remodelação total em 2020, o Montebelo Príncipe Perfeito Viseu Garden Hotel tem vista para os parques naturais da Serra da Estrela e do Caramulo. A nova piscina exterior, as amplas salas de reunião e as esplanadas oferecem uma estadia ainda mais completa. A terceira unidade está localizada no centro histórico de Viseu, junto aos principais monumentos da cidade, o Montebelo Palácio dos Melos tem uma envolvência palaciana nas muralhas da cidade, sendo o local ideal para uma confortável estadia a um passo do melhor que a cidade oferece: gastronomia, história e tradição.

Percorrendo a zona centro e antes de chegar a Coimbra, junto à Barragem da Aguieira, o Montebelo Aguieira Lake Resort & Spa está perfeitamente enquadrado na natureza envolvente, tornando-se um destino de referência para férias em família, retiros de desporto, reuniões e eventos.

Chegando à costa oeste, encontramos um dos maiores marcos da marca, o Montebelo Vista Alegre Ílhavo Hotel é um símbolo da história, arte e cultura da região Centro de Portugal, aliado ao valor universal do património e história de uma das mais prestigiadas marcas portuguesas: a Vista Alegre.

Com rápida expansão territorial, a cadeia Montebelo chegou há dois anos a Lisboa com localização privilegiada na Baixa Pombalina, a 5 minutos a pé do Rio Tejo e da Praça do Comércio, onde se encontram dois restaurantes do grupo, no número 156 da Rua da Prata, o Montebelo Lisbon Downtown Apartments tem apartamentos totalmente equipados, pensados para férias em lazer, visita de negócios ou estadias prolongadas. Em 2023 reforçará a sua presença na capital com a abertura de mais um hotel em parceria com a marca Vista Alegre. O Montebelo Vista Alegre Lisboa Chiado Hotel será um hotel de charme, com a chancela da marca centenária de porcelana portuguesa Vista Alegre, localizado no coração de Lisboa, numa das principais ruas do Chiado, a Rua do Alecrim.

No final do ano passado, a cadeia protagonizou uma das aberturas mais esperadas em Portugal. Com a mais privilegiada localização, num dos claustros do monumental Mosteiro de Alcobaça, o Montebelo Mosteiro de Alcobaça Historic Hotel é um projecto do prestigiado arquitecto Souto Moura, vencedor do prémio Pritzker 2011 e representa a aposta da marca Montebelo na hotelaria 5 estrelas.

A encerrar a oferta hoteleira, a Visabeira Turismo dispõe de mais uma marca no seu portefólio, que é a única unidade da rede Paradores fora de Espanha, a Casa da Ínsua. Localizada em Penalva do Castelo é um palacete barroco do séc. XVIII que conjuga passado e presente em detalhes requintados inserido na Quinta da Ínsua, uma quinta de produção vinícola da região demarcada do Dão e da região demarcada do Queijo Serra de Estrela e Maçã de Bravo Esmolfe.

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