O FOCO NO DESIGN DA VISTA ALEGRE FAZEM DA MARCA UMA DAS POUCAS INSÍGNIAS PORTUGUESAS DE LUXO A NÍVEL MUNDIAL. O DESIGN, A INOVAÇÃO E A LIGAÇÃO À CULTURA FORAM SEMPRE UM PILAR ESTRUTURANTE DOS QUASE 200 ANOS DE HISTÓRIA DA VISTA ALEGRE, E SÃO HOJE, MAIS DO QUE NUNCA, ESSENCIAIS PARA O POSICIONAMENTO E DIFERENCIAÇÃO DA MARCA NUM MERCADO GLOBAL QUE É MUITO CONCORRENCIAL.
Quando a Vista Alegre foi comprada pelo Grupo Visabeira em 2009, a marca estava com dificuldades. Quais os principais factores que contribuíram para o renascer da marca?
Em 2009, quando o Grupo Visabeira assumiu o controlo da Vista Alegre a situação era dramática. Os prejuízos ascendiam aos 18 milhões de euros/ano, a inovação e o design, que tinham feito parte do código genético da Vista Alegre desde a sua fundação, estavam adormecidos há muito tempo e a marca estava fechada sobre si.
O Grupo Visabeira, ao avançar para a aquisição da Vista Alegre, estava consciente do potencial que existia numa marca com quase duzentos anos de história e uma ligação ímpar à história e cultura portuguesas. A Vista Alegre não podia morrer – e então fizemo-la renascer e reinventar-se.
O trabalho que tínhamos pela frente era enorme e foi ainda mais complexo porque em 2011 o país e a Europa atravessam uma crise financeira gravíssima, mas se queríamos sobreviver tínhamos que empreender sem hesitações um caminho difícil e corajoso, que reestruturou transversalmente todos aspectos e nuances da atividade da Vista Alegre, quer na produção e na optimização dos processos produtivos, quer na concepção de produto, bem como na distribuição, com uma forte aposta na internacionalização, na modernização da rede de lojas próprias e na aposta no comércio electrónico.
Mantivemos a nossa raiz clássica, mas apostámos no lançamento de produtos mais contemporâneos, em parceria com os mais prestigiados criadores da actualidade. Hoje em dia, passados oito anos da aquisição da Vista Alegre, reportámos lucros em 2016 e um excepcional primeiro semestre e terceiro trimestre de 2017. A partir de 2015, a Vista Alegre começou a somar prémios e distinções nas mais prestigiadas competições que premeiam a excelência do design mundial.
Qual o valor das vendas no terceiro trimestre do ano? Cresceram relativamente ao período homólogo do ano anterior?
Depois de encerrarmos o ano de 2016 a recuperar de prejuízos de cinco anos e a lucrar 1,7 milhões de euros, a Vista Alegre deu continuidade à evolução positiva no ano de 2017. As vendas dos segmentos de porcelana, grés, vidro e cristal cresceram 14% no terceiro trimestre, atingindo os 60,9 milhões de euros face ao ano transacto, e o resultado líquido ascendeu a 1,9 milhões de euros, 2,3 vezes acima do registado no período homólogo.
Quanto vale a internacionalização na facturação da empresa?
No balanço do ano de 2016, a internacionalização valia 64% das vendas da Vista Alegre. No terceiro trimestre de 2017, o peso da exportação cresceu para 68% do volume de negócios da empresa.
Como é que as parcerias com marcas internacionais de luxo têm permitido alavancar a estratégia de internacionalização?
Quando já tínhamos a “casa arrumada” avançámos para as parcerias com marcas internacionais de luxo, porque é nesse segmento que queremos posicionar a marca. A primeira e mais mediática parceria que estabelecemos foi com a Casa Christian Lacroix, uma marca que tem muitas afinidades com a Vista Alegre, é moderna, irreverente, mas mantém uma forte ligação ao clássico. Em 2013 anunciámos a primeira colecção em parceria com a Lacroix, o que permitiu à Vista Alegre entrar pela “passadeira vermelha” no mercado francês, um dos três principais mercados mundiais onde se definem as tendências mundiais. Permitiu-nos também saltar etapas de criação de notoriedade em alguns mercados, da Europa aos Estados Unidos e também no Médio Oriente. Acabámos de lançar “Rêveries”, a sétima coleção da Vista Alegre em parceria com a Lacroix, e o balanço é realmente excepcional.
Em 2016, anunciámos a parceria com a Casa Oscar de La Renta, sediada em Nova Iorque. Esta aposta também nos abriu portas no mercado norte-americano, o segundo centro mundial de tendências do mercado de ‘tableware’.
No final do primeiro semestre deste ano lançámos a primeira colecção de mesa e decorativa desenvolvida por um dos designers mais influentes da actualidade, Jaime Hayon, que vai uma vez mais catapultar o nome e o prestígio da Vista Alegre além-fronteiras.
Neste momento estamos a trabalhar em parcerias internacionais nos mercados prioritários da expansão internacional, tanto na Europa como nos outros continentes.
Quais os mercados estratégicos para a marca portuguesa?
A Vista Alegre tem uma forte presença e notoriedade naqueles que são os seus mercados tradicionais de décadas de exportação – como Espanha, França, Alemanha e Brasil –, e prossegue nesses mercados a sua estratégia de crescimento e expansão, quer através de parceiros, como através da abertura de lojas próprias. Em França, a Vista Alegre entrou em 2017 nos Grandes Armazéns Printemps, um importante canal de distribuição, e estima abrir em Paris a primeira ‘flagship store’ Vista Alegre até ao final do ano. Espanha é o seu mercado exterior principal, representando mais de 12% da facturação.
Este ano existe uma forte aposta nos mercados do México, Itália e Índia. Registámos também um forte crescimento de encomendas na Bélgica e Países Baixos no primeiro trimestre do ano.
Quais os projectos futuros da Vista Alegre?
Neste momentos estamos surpreender o mercado com o lançamento de uma colecção de iluminação em parceria com um dos maiores designers a nível mundial.