Maria João Rocha de Matos, Directora Geral da Lisboa – Feiras, Congressos e Eventos (CCL e FIL)
Numa semana tudo mudou: no dia 9 de Março acabou um congresso internacional. No dia 12, um cliente português, depois de nos perguntar na véspera sobre as medidas de protecção implementadas e tomar conhecimento que tínhamos tudo operacional, para além das medidas propostas pela DGS, cancelou o seu evento, que iniciaria a 13. No dia 16 estávamos todos a trabalhar de casa. A partir dessa data não se realizou mais nenhum evento no CCL-Centro de Congressos de Lisboa ou na FIL-Centro de Exposições e Congressos de Lisboa.
Não é a primeira vez que nos confrontamos com uma situação de ruptura. Com a entrada da “troika” em Portugal, de 2011 para 2012 os nossos Rendimentos reduziram para metade. Criámos novos produtos, novos modelos de negócio, reestruturámos e com as relações de parceria estabelecidas ao longo do tempo com os nossos fornecedores e clientes, em 2015 iniciámos o caminho no sentido positivo.
Entretanto, na primeira semana de Fevereiro, durante a “UFI Global CEO Summit” tomámos conhecimento directo, através dos nossos “colegas” da China e de Singapura, das medidas que já estavam a ser tomadas naqueles países. Estamos em rede com os nossos “colegas” internacionais desde esse momento, partilhando informação e contribuindo para a elaboração de documentos, propostas e demais acções que têm vindo a ser promovidas e coordenadas através da EMECA-European Major Exhibition Centres Association, da UFI-Global Association of the Exhibition Industry e da AIPC-International Association of Convention Centres.
A realização de eventos foi suspensa. Mas para se realizarem, os eventos necessitam de um cuidado e longo processo de organização. E nós não cruzámos os braços…
Nos Eventos Próprios, as feiras e outros eventos que nós organizamos, estamos a rever projectos, reagendá-los e ainda a desenvolver projectos novos. Infelizmente tivemos que adiar para 2021 a realização da BTL, da Futurália e do GiftShow.
Nos Eventos de Terceiros, aqueles que são organizados por clientes nas nossas instalações, tivemos que apoiar os clientes a encontrar soluções para a realização dos seus eventos no segundo semestre e nos próximos anos.
As palavras chave para a retoma desta actividade são a SEGURANÇA e a MOBILIDADE.
No fim do dia, os eventos, sejam de que natureza forem, fazem-se com pessoas. E é bem visível pela experiência colectiva de recolhimento que vivemos, que o F2F (Face-to-
-Face) não é substituível, em termos permanentes, pelo digital.
No que diz respeito à segurança, o facto de quer nós, quer os organizadores terceiros conhecermos os participantes nos eventos, quem são, de onde vêm, o que fazem, permite-nos aceder a informação, esta e outra considerada importante na actual conjuntura, fundamental para evitar situações de risco. Por este motivo, no início de Maio, o Governo Federal da Alemanha declarou que as feiras e eventos profissionais são uma categoria diferente face aos eventos de massas, com regras diferentes relativamente à sua reabertura.
Este é um aspecto importante, que acresce a todas as medidas de higiene e segurança já adoptadas desde o início de Março e em permanente actualização de acordo com a evolução da pandemia.
Destaco ainda a iniciativa do Turismo de Portugal ao lançar o selo “Clean & Safe”, que dá uma garantia a quem nos visita da adopção das devidas medidas de segurança. Aguardamos com grande expectativa o alargamento deste selo aos espaços para a realização de eventos. Estamos prontos!
A mobilidade vai depender da capacidade e vontade de viajar das pessoas. Mais uma vez a segurança vai ter aqui o seu papel.
Acreditamos que este desafio se vence com inovação e capacidade de execução célere.
Pela nossa parte, temos oferta nova, quer nos Eventos Próprios com projectos novos e projectos renovados, quer nos Eventos de Terceiros com produtos e serviços novos.
As perspectivas são positivas e a confirmá-lo posso revelar que neste período, desde 16 de Março, fechámos 20 contratos para novos eventos, 11 dos quais internacionais. Grata aos nossos clientes, que confiam no que temos para oferecer.
Estamos a planear voltar a ter eventos no CCL e na FIL em Setembro, tal como os nossos “colegas” europeus. Se a DGS nos permitir, talvez possamos “arrancar” antes.
Finalmente, dizer que estamos muito orgulhosos pela subida de Lisboa ao 2.º lugar no ‘ranking’ da ICCA (International Congress and Convention Association) das cidades com mais congressos em 2019 e gratos por termos contribuído para esta classificação.
O prestígio e reconhecimento do CCL e da FIL, tanto a nível nacional como internacional, aliados às novas tecnologias, fundamentais não só na digitalização, mas também na criação de segurança, são peças fundamentais para o reinício da nossa actividade.