Sábado, Maio 11, 2024

Comunicar vai ser mais difícil ou estratégico?

Teresa Figueira, Presidente da Associação Portuguesa das Empresas de Conselho em Comunicação e Relações Públicas (APECOM)

O tempo é de disrupção, não é novidade. Disrupção na forma como comunicamos, trabalhamos, nos movimentamos, consumimos, nos relacionamos, como avaliamos o que se passa à nossa volta e, sobretudo, na forma como passámos a dar valor a determinadas questões em detrimento de outras.
A disrupção é comum a todas as indústrias e sectores da nossa sociedade, é global. Do ponto de vista da comunicação, lugar privilegiado como posto de observação desta nova realidade, a grande questão é saber se esta disrupção, tornou o nosso papel enquanto consultores de comunicação, mais difícil ou mais estratégico.
Para responder a esta pergunta, importa entender como podem as consultoras de comunicação ajudar os seus clientes nesta nova Era. Não sabemos ainda como vai ser este novo normal, de que tanto se fala, mas temos alguns indicadores. Os colaboradores, consumidores, decisores, parceiros de negócio, investidores, os media vão estar mais atentos que nunca ao que as empresas e organizações comunicam, vão perscrutar a autenticidade e relevância dos seus atos e perceber até que ponto eles estão alinhados com o seu propósito.
Esta relevância vai ser medida na forma como uma organização protege os seus empregados, nomeadamente nas questões de saúde mental, como defende os postos de trabalho, na sua ação junto da comunidade em que estão inseridas e na forma como definem o seu contributo para a resolução de causas sociais. Mas, estas causas têm de ser realmente fundamentais para a sociedade.
A comunicação é mais importante que nunca, mas tem de ser trabalhada com base em dados, de forma clara, transparente, criativa e multicanal. As agências e consultoras de comunicação, pela natureza do seu envolvimento com as organizações, possuem características que nos tornam um parceiro único e estratégico.
Este valor reside no facto de nos encontrarmos na interseção entre o conhecimento que temos da organização – visão, objetivos de negócio, barreiras e oportunidades – e o domínio das ferramentas de comunicação nas suas diversas disciplinas, desde a comunicação corporativa, gestão de crise, assessoria mediática, comunicação interna, redes sociais, digital.
A necessidade de falar claro, de forma transparente e genuína, alinhada com o propósito e com o imperativo de dar visibilidade ao papel que as lideranças assumem neste processo, vai obrigar a um alinhamento entre a comunicação de marketing, produtos e serviços, com a dimensão institucional e corporativa da marca. Tenho a certeza de que o tema da comunicação ganhou visibilidade e reputação enquanto pelouro estratégico. Vão ser feitas mais análises de risco e mais planeamento estratégico de médio-longo prazo.
As consultoras têm vindo a fazer um percurso de diversificação de competências na forma como dominam os diversos canais e plataformas de comunicação, garantindo que as narrativas estão acessíveis a todos os públicos, em todos os momentos. É admirável a rapidez de adaptação que o sector tem vindo a demonstrar. A gestão desta crise prova isso mesmo. Foi necessário parar, analisar, redefinir e aconselhar os nossos clientes, todos ao mesmo tempo. Este sector tem profissionais muito competentes com muitas valências complementares o que nos permitiu ter uma resposta sólida e célere. Todos necessitavam, e necessitam, de informação verdadeira e de qualidade, sejam as audiências internas ou externas às organizações.
Já foi dito inúmeras vezes, o lado positivo desta crise é o facto de ter forçado uma aceleração, não só da transformação digital, quer seja no trabalho, na educação ou na saúde, como na nossa capacidade de sermos mais criativos e ágeis. Todos sofremos o impacto desta crise, nem todos de forma idêntica, mas saímos mais fortes e com as nossas próprias estratégias de desenvolvimento realinhadas.
Comunicar não vai ser mais fácil, mas é sem dúvida a dimensão mais estratégica de uma marca ou organização na fase de recuperação que agora vamos iniciar.

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