POR OCASIÃO DOS 15 ANOS DA CV&A, FUI DESAFIADO PELO AMIGO E CONTERRÂNEO ANTÓNIO CUNHA VAZ, PARA UM ESCRITO, ESCRITO ESTE QUE SE INTITULA POR SUA SUGESTÃO: COMO SERÁ O TURISMO DAQUI A 15 ANOS?…
Seria relativamente fácil formular um conjunto de hipóteses, porquanto me vinculavam apenas a mim. Seria, contudo, relativamente imprudente apontar um único caminho num mundo consumido pela espuma dos dias e demitido de uma reflexão mais profunda. Finalmente seria terrivel desenhar uma única solução para uma atividade que é hoje e cada vez mais um mosaico de outras atividades: do ponto de vista setorial, espacial e temporal.
Partindo deste pressuposto, e por se tratar de um aniversário de uma agência de comunicação de um amigo que muito estimamos, desafiei, um conjunto de outros amigos, que criam diariamente valor na área do turismo, para que eles, de modo próprio, dessem o seu contributo.
Esta decisão resultou no reconhecimento de que hoje o turismo é uma causa nacional, provavelmente a razão primeira da nossa recuperação coletiva, com a consciência de que este sucesso não é atribuível a uma única região, ou a um único grupo, ou até a uma única pessoa: é hoje uma causa nacional, motivo de orgulho para todos os que apresentam e promovem Portugal pelo mundo fora. Por todos aqueles que procuram converter uma visita de 2 dias numa relação perene de 20 ou mais anos com o nosso país.
Assim, calcorreei Portugal de lés-a-lés, comecei pelos Açores, e pela Marta Bensaude. Diz-nos ela que o turismo será acima de tudo uma forma de socializar o mundo numa era digital e de realidade virtual.
Da Madeira, o António Trindade, CEO do PortoBay, fala-nos de uma evolução do turismo de um ‘happening’ para uma ‘commodity’, no fundo numa passagem de um acontecimento fortuito para um hábito. Possível com mais informação e partilha.
O Gonçalo Rebelo de Almeida do Vila Galé profetiza o turismo como o permanente motor da economia portuguesa, onde a comunicação será fundamentalmente digital e acessível a todos. Sinaliza ainda que o turismo será sempre o garante da harmonia e interligação entre os países e encontro de culturas.
A Cristina Siza Vieira, Vice-Presidente executiva da AHP, assevera que o turismo pode ser o grande eixo económico e social na Europa daqui a 15 anos se a Europa continuar ligada num projeto comum.
O Raul Martins, Presidente da AHP e do Grupo Altis, entende que o turismo daqui a 15 anos estará mais estratificado e com acesso condicionado a um maior número de locais.
O Frederico Costa, responsável pelas Pousadas de Portugal, assustado pelo facto de em menos de 60 anos o Reino Unido e a França passarem de 2º e 3º economias mundiais para 6º e 7º respetivamente, diz: vamos ser engolidos pelos chineses. Toca a assegurar ligações aéreas diretas.
O José Teotónio, CEO do Grupo Pestana, refere que o turismo será uma indústria muito mais sustentável e com uma contribuição fundamental para a compreensão entre povos, sendo por isso uma indústria decisiva para a paz.
Finalmente, e porque quero contribuir para esta reflexão conjunta, dizer que espero um setor cada vez mais transparente nos próximos 15 anos: não só os prestadores de serviços turísticos serão mais escrutinados, mas integraremos nessa equação de escrutínio os próprios clientes. Os clientes terão ‘rating’, e a partir desse ‘rating’ ser-lhes-á aplicada uma tarifa. Como é que se consegue? Com atribuição de classificação por valores éticos e comportamentais que resultam da experiência junto dos prestadores.
Exemplo: vou a um restaurante caro pois tenho muito dinheiro, e convencido desse “poder” incomodo a restante clientela; esse comportamento dará lugar a uma classificação. Ou: hospedo–me num hotel, e insulto os empregados com ou sem razão aparente, e com isso perturbo o seu normal funcionamento. Esse comportamento dará lugar a uma classificação. E assim sucessivamente em qualquer experiência de serviço.
Em suma, vejo o turismo cada vez mais contribuinte de bem–estar económico, social e ambiental, mas simultaneamente capaz de constituir-se como um veículo de adequação de comportamentos coletivos numa sociedade não poucas vezes egoísta e individualizada.
Por fim, e não no fim, desejar a todos os colaboradores da CV&A, ao António Cunha Vaz, os maiores sucessos nas realizações que vai continuar a empreender.