Egbert Deekeling, fundador e sócio principal da Deekeling Arndt/amo
Nos últimos tempos registou-se um aumento crescente da importância da nossa profissão
O sector da Comunicação tornou-se digital e tudo é agora mais rápido do que nunca. As redes sociais consti-
tuem-se como grandes plataformas de polarização social nestes tempos políticos conturbados, permitindo a cada um fazer chegar a sua verdade a um público alargado. Perante esse cenário em constante mutação a procura da verdade torna-se assim cada mais difícil. E, ao mesmo tempo, as empresas estão cada vez mais sob forte escrutínio. Constituem-se como verdadeiros protagonistas sociais inextricavelmente ligados a determinadas actividades, expectativas e exigências das empresas.
Enfrentar tudo isto implica o estabelecimento de um diálogo sistemático com investidores, clientes, políticos e com o público em geral. Estamos assim perante um profundo alargamento do papel da comunicação empresarial
Quais as implicações de questões como a sustentabilidade, responsabilidade e missão para a comunicação empresarial.
As empresas enfrentam uma pressão social e política cada vez maior no sentido de explicarem e defenderem as suas práticas. O factor crucial que decide o grau de aceitação, reputação e sucesso de uma empresa depende da forma de enfrentar os grandes desafios do futuro.
No caso da comunicação empresarial, isso implica um foco no valor das várias partes interessadas, alargando assim o âmbito da nossa profissão. Por outras palavras, as equipas de comunicação têm de transmitir sistematicamente a necessidade de as empresas terem uma licença social para operar e de contribuir para que tal aconteça, ou seja, fazendo com que essa licença assuma a devida relevância na estratégia de negócios. Uma tarefa imensa!
O nosso trabalho é complexo, rápido e exigente. E assistimos a uma necessidade crescente de adoptar toda uma série de estratégias de comunicação empresarial. Uma das nossas principais tarefas consiste em estruturar corretamente a estratégia das empresas, ou seja, torná-la perceptível e fácil de comunicar. Isto passa por definir uma missão em consulta directa com a estrutura de topo da empresa.
Ao agir assim estamos a ajudar a moldar os processos de transformação empresarial. Ao fazê-lo, estamos a cumprir o nosso objectivo de apoiar os vários processos de transformação externos e internos em todas as áreas relacionadas com a comunicação e a todos os níveis, no âmbito do nosso amplo serviço de comunicação estratégica.
A década das Relações Públicas
Actualmente, assistimos a uma enorme personalização da comunicação empresarial, com os próprios directores executivos a tornarem-se porta-vozes da empresa através das redes sociais. Este novo paradigma que envolve todas as partes interessadas é também um dos principais motores desta tendência, combinado com uma compreensão clara da sustentabilidade suportada pela estratégia da empresa.
Isso significa que a comunicação empresarial está a atingir um grau de importância, como nunca antes visto na história da nossa profissão e que continuará a institucionalizar-se – dentro e fora das próprias empresas.
E, acima de tudo, é tarefa do nosso sector criar regras mais detalhadas e abrangentes de engajamento ou de ética profissional. É necessária uma nova forma de observância, ‘quiçá’ um alargamento do “Code d’Athènes”, com sanções para quem violar o código. O poder – ou melhor, o poder crescente – da nossa área de actividade deve ser regulamentado.
Essa necessidade de maior regulamentação remete também para o forte aumento da importância e impacto da nossa profissão.