Visitar a Fundação Louis Vuitton (FLV) é uma experiência inesquecível para quem gosta de arte e arquitectura e, sobretudo, para quem procura fazer um passeio diferente por Paris, fora dos pontos turísticos mais tradicionais. Um museu de arte e centro cultural patrocinado pelo grupo LVMH, a holding francesa especializada em artigos de luxo.
Larissa Göldner
Afastada do centro da cidade e cercada por uma ampla área verde, a Fundação Louis Vuitton (FLV) fica no 16th arrondisement, ao lado do Jardin d’Acclimatation, no parque parisiense Bois de Boulogne. A Fundação dedica-se “à promoção e ao fomento da criação artística contemporânea” e o edifício onde se insere foi idealizado pelo arquitecto Frank Gehry. O espaço, que custou cerca de 140 milhões de euros, foi encomendado pelo milionário Bernard Arnault, presidente e CEO da LVMH – Moet Hennessey Louis-Vuitton, a maior empresa do mundo de bens de luxo.
Em 2001, Bernard Arnault procurou o arquitecto Frank Gehry para falarem sobre o projecto, que tinha como objectivo ser uma plataforma para diversos programas culturais. O desenho do edifício contemplava 12 velas de vidro, reflectindo a sua paixão de longa data pelo desporto da vela e dando ao projecto a sua transparência e sentido de movimento, permitindo que a construção retrate a água, bosques e jardim, e que mude continuamente com a luz.
Gehry procurou projectar em Paris uma embarcação magnífica que simbolizasse a vocação cultural de França. Após sete anos de disputa para obter as autorizações necessárias, a construção começou em 2008. O edifício, concluído em 2014, é uma verdadeira obra de arte e sediou o desfile da Louis Vuitton antes de abrir ao público em Outubro do mesmo ano.
Composto por enormes placas de vidro sobrepostas, a estrutura oferece aos visitantes um novo detalhe cada vez que é visitada, sendo de destacar determinadas características como o vidro curvo, os 3.600 painéis que formam as doze velas ou os 19.000 painéis de Ductal. O icónico edifício conta com formas futuristas e funciona como centro cultural, sediando exposições, concertos, congressos e instalações multimédia.
Segundo palavras de Bernard Arnault: “Queríamos apresentar a Paris um espaço extraordinário para a arte e cultura e demonstrar ousadia e emoção ao confiar a Frank Gehry a construção de um edifício icónico do século XXI”.
A Fundação Louis Vuitton é uma enorme galeria de arte moderna que tem uma exposição permanente com obras da fundação e da colecção privada de Bernard Arnault.
(Fotos gentilmente cedidas pela Fundação Louis Vuitton)
Monet – Mitchell
Galerias 4 à 12
A Fundação Louis Vuitton fez uma parceria com o Musée Marmottan Monet (França), que possui a maior colecção de obras de Claude Monet do mundo, para apresentar “Monet- Mitchell”, uma exposição dedicada ao diálogo entre os trabalhos posteriores de Claude Monet (1914-1926), os Nenúfares e o trabalho da artista americana Joan Mitchell.
Perante a mesma paisagem, nomeadamente as margens do Sena, Monet e Mitchell desenvolveram uma abordagem pictórica que definiram em termos semelhantes, com Monet referindo-se à “sensação” e Mitchell aos “sentimentos”. Inspirados no ambiente natural da região de Paris, os dois artistas compartilharam uma sensibilidade aguda à luz e à cor, cuja interação constitui a base da sua arte. Através do uso de cores hedonistas e luz vibrante, Mitchell compartilhou evocações de sentimentos e memórias. A obra tardia de Monet foi marcada pelo abandono dos contornos formais em favor da cor, que definiu pela captura de luz fugaz. As telas gestuais e energéticas de Monet e Mitchell, que evocam a folhagem, a água e a atmosfera, reflectem uma afinidade mútua com a paisagem.
Joan Mitchell Retrospective (1925-1992)
Galerias 1 e 2
Juntamente com a exposição “Monet – Mitchell”, a FLV apresenta a mais significativa retrospectiva de Joan Mitchell a ser exibida na Europa em quase 30 anos. Esta exposição, que é co-organizada com o Museu de Arte Moderna de São Francisco (SFMOMA) e o Museu de Arte de Baltimore (BMA) e apresentada em Paris pela FLV, visa aumentar a conscientização pública sobre o trabalho de Joan Mitchell. Apresentada em duas galerias no piso térreo, a exposição reúne cerca de 50 obras numa área de 1.000 m2. Oferece uma nova versão da exposição recentemente apresentada nos Estados Unidos. A exposição beneficia de empréstimos generosos, por exemplo, do Centre Pompidou e do Musée du Monastère Royal de Brou. Também inclui uma dúzia de obras da Coleção da Fundação Louis Vuitton.
A retrospectiva examina a vida e a obra de uma artista que hoje é considerado uma das figuras artísticas mais influentes da segunda metade do século XX.
A exposição explora as principais séries que a artista criou no seu país natal e em Paris, para onde se mudou em 1959 antes de se estabelecer definitivamente em Vétheuil em 1968.
Desde o início dos anos 1950, Joan Mitchell foi uma figura proeminente na cena artística de Nova Iorque e interagiu regularmente com artistas como Franz Kline, Willem de Kooning e Philip Guston.
