Quinta-feira, Abril 18, 2024

Escalada do coronavírus pode reduzir para metade o crescimento económico mundial – OCDE

Vários países em risco de recessão à medida que o Covid-19 se vai espalhando pelo mundo.

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Uma escalada do surto de coronavírus pode reduzir para metade o crescimento económico mundial e provocar uma recessão em vários países, alertou a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).

O alarme dispara à medida que a doença alastra pelo mundo e confunde investidores, com a OCDE a afirmar que o crescimento do PIB mundial pode cair este ano cerca de 1,5%, quase metade da taxa de 2,9% que esta organização previra antes do surto.

A crise pode ser a “ameaça mais grave” para a economia mundial desde a crise financeira que ocorreu há mais de uma década, alertou.

Num cenário de crescimento já de si fraco do PIB , as economias do Japão e da zona do euro podem entrar em recessão este ano, acrescentou, alertando ao mesmo tempo para o facto de que o fracasso nas negociações comerciais do Reino Unido pós Brexit com a UE podem também representar um risco negativo significativo.

A influente organização com sede em Paris – que representa as 36 economias mais avançadas do mundo – apelou aos governos de todos o mundo para que tomem medidas significativas e trabalhem em conjunto, pedindo uma resposta internacional relativamente à propagação do Covid-19.

Numa avaliação igualmente negativa, Roberto Azevêdo, director da Organização Mundial do Comércio, conta que a epidemia tenha um impacto substancial na economia mundial.

“Os efeitos sobre a economia global provavelmente também serão substanciais e começarão a refletir-se nos dados do comércio nas próximas semanas”, afirmou.

O porta-voz da UE para a economia, Paolo Gentiloni, referiu que o forte impacto do vírus nas actividades comerciais obrigaria a UE e os países europeus a aumentarem a despesa. “A ideia de uma recuperação em V, a regressar rapidamente ao crescimento, não pode ser tida como garantida e pode revelar-se optimista”, afirmou.

E salientou que as regras da UE permitem aos países responder individualmente à crise e que estes devem agir rapidamente para manterem a confiança.

Segundo a OCDE, o cenário base é o de uma crise de curta duração, mas grave, cujos danos se centrarão sobretudo na China. Esta organização prevê que o crescimento mundial venha a cair para 2,4% em 2020, abaixo dos 2,9%, já de si fracos, registados no ano passado.

De acordo com a suas principais previsões, a OCDE disse que o crescimento mundial pode encolher no primeiro trimestre. Espera-se que o crescimento chinês caia abaixo dos 5% este ano, face a 6,1% no ano passado – que já era a taxa de crescimento mais fraca da segunda maior economia do mundo em quase 30 anos.

No entanto, o surto também pode causar um “cenário de dominó”, com o crescimento mundial a ser gravemente afectado em 2020 à medida que o vírus se for espalhando pelas economias avançadas do hemisfério norte. Para além da queda do crescimento de 1,4% ao longo do ano para cerca de 1,5%, nesse cenário, os mercados financeiros em todo o mundo também entrariam em colapso em cerca de 20%.

A OCDE pediu aos líderes mundiais para agirem rapidamente e solicitou maior apoio aos sistemas de saúde e aos seus trabalhadores e às nações para que protejam os rendimentos dos seus grupos sociais e empresas mais vulneráveis.

Laurence Boone, economista-chefe da OCDE, alertou que os bancos centrais seriam incapazes de proteger as economias do coronavírus por conta própria. “Não acreditamos que seja uma crise que possa ser gerida apenas pelos bancos centrais”, disse a mesma responsável.

Os seus comentários seguiram-se a uma declaração do Banco da Inglaterra segundo a qual  “garantiria a adopção de todas as medidas necessárias para proteger a estabilidade financeira e monetária”.

Numa repreensão a Washington e Pequim, Boone disse que os EUA e a China deveriam pôr fim à guerra comercial, durante a qual as tarifas de importação aumentaram em centenas de milhar de milhões de dólares o valor das mercadorias.

Boone afirmou que é necessária cooperação mundial para lidar com a crise e que Washington e Pequim dariam sinais de postura mais cooperativa se abdicassem das tarifas impostas nos últimos dois anos.

John McDonnell, chanceler sombra do Partido Trabalhista, disse que o governo do Reino Unido tem de indicar que esforços desenvolverá se a situação se deteriorar.

“O governo deve estar pronto para intervir com um estímulo fiscal, se necessário, e trabalhar internacionalmente no sentido de coordenar intervenções económicas”, afirmou.

“O relatório da OCDE deixa claro que os governos têm de ser claros e coordenados para responderem à ameaça do coronavírus, numa altura em que denota uma ausência de liderança por parte do chanceler e do primeiro ministro”.

Desde o início do surto, em Janeiro, cerca de 85.000 pessoas foram infectadas em todo o mundo, com uma percentagem cada vez maior fora da China. A Itália foi a mais atingida até agora na Europa, estando a viver um período delicado, com o retrocesso da terceira maior economia da zona euro. As bolsas de valores em todo o mundo caíram mais de 10% na última semana de Fevereiro, a pior semana desde a crise financeira mundial.

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