Sofia Rainho
1. Os acordos alcançados pela Presidência Alemã mesmo na recta final do mandato esvaziaram a Presidência Portuguesa da União Europeia?
Portugal deve ter a capacidade de o fazer, porque o discurso de cumprir objectivos não pode ser tido apenas a nível nacional. O discurso de força, empenho e união não se pode aplicar apenas ao povo português, mas deve ser tido também para com os responsáveis de todas as nações que compõem a União Europeia e a Presidência Portuguesa deve ser capaz de o aplicar. Aguardo para ver se um governo que não é capaz de fazer uma boa gestão interna o conseguirá fazer além-fronteiras.
2. Acredita que a vacina contra a Covid-19 vai permitir começar a recuperação económica já em 2021?
Acredito que poderá ser uma ajuda, mas as últimas notícias têm revelado que o vírus tem vindo a sofrer mutações e isso significa que a vacina poderá não fazer o efeito total pretendido. É importante olharmos para o próximo ano com alguma prudência e, especialmente, começar a desenhar um plano de retoma económica que seja aplicável com sucesso num cenário menos positivo.
3. Qual o principal desafio dos próximos cinco anos do mandato presidencial?
Creio que nunca um Presidente da República terá tido um mandato com tantos e tão difíceis desafios como terá o próximo Chefe de Estado. O novo coronavírus veio mostrar quão frágil é a economia portuguesa e quão necessário é remodelar o sistema económico nacional para que o país não esteja totalmente dependente de um único sector económico, como é o caso do turismo. Nós estamos a ver as consequências desta escolha. O Governo apostou tudo no turismo, desenvolveu políticas dirigidas a este sector, deixando outros sectores económicos para segundo plano, sectores estes que, numa fase de crime mundial como a actual, poderiam e deveriam estar mais desenvolvidos e melhor preparados.