Sábado, Abril 20, 2024

Colômbia: País de oportunidades!

Maria Elvira Pombo, Embaixadora da Colômbia em Portugal

Com um mercado de 50 milhões de habitantes, um modelo de desenvolvimento que estimula o investimento privado e com um crescimento económico estável, a Colômbia oferece grandes oportunidades para o desenvolvimento de projetos e para a instalação de empresas de grande dimensão.

Nos últimos 50 anos, a Colômbia tem sido o país da América Latina com maior taxa de crescimento e, antes da pandemia, destacava pelo seu desempenho económico sustentável. A crise colocou a região como uma das mais afetadas em termos económicos, com efeitos negativos no emprego e no bem-estar da população.

De acordo com estimativas de organizações internacionais, em 2021 dar-se-á uma recuperação significativa na região, contudo, só nos próximos anos recuperaremos do efeito devastador que teve 2020. Este ano, o crescimento será de 4,1% depois de uma descida superior a 7%, a recessão mais profunda desde o ‘crash’ de 1929.

Os dados oficiais apontam para um crescimento económico entre 4,5% e 5,0% em 2021/2022, com um desempenho superior à média regional. Destaca-se, aliás, que no encerramento de 2020, a economia colombiana já tinha recuperado 90% do emprego perdido durante a pandemia, evidenciando-se a reativação dos setores produtivos chave como são a agroindústria, a construção e infraestruturas. Tudo isto sem alterações na estabilidade monetária e na ortodoxia existente em matéria de endividamento público.

Como bem explicou a Dra. Flávia Santoro, Presidente da agência ProColombia, “o governo colombiano desenhou um plano de ação para esta conjuntura, de acordo com uma estratégia de desenvolvimento a longo prazo, que visa fortalecer os seus setores produtivos pela via de estímulos diretos e indiretos ao investimento nacional e estrangeiro, com instrumentos concretos que aumentam o consumo interno afetado pela pandemia”.

No caso particular do investimento estrangeiro, destaca-se a descida dos impostos sobre rendimentos e dividendos, a exoneração de taxas aduaneiras na entrada de equipamento, um regime favorável nas zonas francas, a simplificação de processos de investimento eficiente, tanto de importação como de exportação, bem como a promoção à relocalização de empresas, oferecendo uma plataforma exportadora estratégica de proximidade a mercados de origem e de consumo.

Tanto o Ministério do Comércio, Indústria e Turismo como a ProColombia (agência de captação de investimento, fomento de exportações e turismo) identificaram os setores com maior potencial e que serão motores da reativação económica.

Tudo isto fez com que os Estados-Membros da União Europeia tenham começado a acompanhar com muito interesse o que se passa na Colômbia, considerando o nosso país como importante centro continental de produção e distribuição, focalizado nos mercados dos Estados Unidos e Canadá.

Assim, a Colômbia apresenta-se como uma resposta clara para as grandes empresas que pretendem relocalizar as suas operações, numa tendência ‘nearshoring’ acelerada pela pandemia, pelo fecho das economias e pela interrupção de cadeias de distribuição. A este propósito, cabe destacar que o regime de zonas francas existente na Colômbia é, por um lado, o maior de toda a América do Sul e, por outro, o segundo regime com tarifas mais baixas e com incentivos tributários geradores de eficiência em economias de escala, cadeias produtivas e acesso a plataformas de inovação e tecnologia que facilitam os negócios.

Com projeções de crescimento favoráveis, políticas tão atrativas para o capital estrangeiro e com uma economia cada vez mais dinâmica, esperamos atrair para a Colômbia novas empresas portuguesas e do resto da Europa.

No que se refere ao investimento português, este vai dirigido sobretudo aos setores ‘retail’, que conta no nosso país com importantes ‘players’ como o Grupo Jerónimo Martins ou a Sonae Sierra; mas também o setor das energias renováveis, estando presente a EDP Renováveis; ou setores tecnológicos, como a Arquiled, ou da agroindústria, como a Sovena, entre outras.

Para o futuro, será determinante o regresso de investimentos em infraestrutura, tecnologia, hotelaria e turismo. Estas áreas oferecem, seguramente, um extraordinário retorno, não só pelo mercado interno, mas, também, pelo restante continente, considerando que a Colômbia constitui um vértice estratégico, com uma eficiente infraestrutura portuária e logística.

Graças aos 17 acordos comerciais vigentes, a Colômbia conta com acesso preferencial a mais de 60 países e a mais de 1.600 milhões de consumidores em todo o mundo. Um dos exemplos mais flagrantes das vantagens destes acordos comerciais encontra-se no setor da agroindústria. Atualmente, o nosso país conta com 40 milhões de hectares de solo agrícola nacional, contudo, somente 8 milhões encontram-se cultivados. Este elevadíssimo potencial, somado às extraordinárias condições climáticas tropicais, tornam possível uma produção de alimentos variados ao longo de todo o ano. Mais, existem incentivos como isenções por dez anos para empresas que invistam no setor agropecuário, pesqueiro ou de desenvolvimento rural, visando um incremento da produtividade nacional.

Mas não só, também o setor turístico colombiano tem registado um franco crescimento. Graças à Lei de Crescimento Económico de 2019 e à recente Lei do Turismo, oferece-se um regime fiscal muito atrativo para hotéis, parques temáticos, agroturismo, ecoturismo, entre outros, assim como incentivos para mega-investimentos com valor igual ou superior 300 milhões de dólares, ou ainda a isenção de impostos sobre dividendos e uma maior estabilidade fiscal mediante um contrato estabelecido com a Autoridade Tributária e Aduaneira (DIAN)

De acordo com o Índice de Competitividade Global do Fórum Económico Mundial, a Colômbia é um dos primeiros países com maior potencial de desenvolvimento de infraestrutura. Para além de ter uma localização geográfica privilegiada para o comércio internacional, conta com importantes oportunidades de desenvolvimento a nível interno através de projetos de grande envergadura. Um claro exemplo é a rede rodoviária nacional, através das estradas 4G e 5G, que constituem uma prioridade na estratégia do Governo. Esta tornou possível a reativação de 29 projetos de quarta e quinta geração de concessões, apostando na modernização de autoestradas, itinerários principais, complementares e estradas nacionais.

Da mesma forma, foram priorizadas as metas do “Compromisso pela Colômbia”, um programa que inclui 79 projetos de impacto nacional e regional em segmentos de infraestrutura, 185 projetos para melhoria das redes de aquedutos e saneamento, bem como projetos turísticos e de habitação. Todas estas iniciativas têm o foco na criação de emprego, no desenvolvimento rural e num crescimento económico verde e sustentável.

Aqui, o setor das energias renováveis é um dos eixos para a potencialização económica do país. Pretende-se consolidar a massificação de fontes não convencionais de energias renováveis, com uma capacidade instalada acumulada de mais de 700 MW em 2021, 25 vezes superior ao existente em 2018. Mais, terá lugar um leilão de energias renováveis 5G, bem como o primeiro leilão na América Latina para um sistema de armazenagem de energia com baterias a grande escala, localizado na região Atlântico, no Norte do país e que contará com uma capacidade de 50 MW.

Desde o início do governo do Presidente Ivan Duque, a ProColombia acompanhou a chegada de 41 novos projetos de investimento para o desenvolvimento de energia num valor superior a 5 mil milhões de dólares, o que demonstra que a Colômbia é, sem dúvida, um país de grandes oportunidades para investir e que garante estabilidade e confiança a quem aposta neste destino.

(Texto escrito ao abrigo do novo acordo ortográfico)

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