Ana Valado
A PRÉMIO questionou algumas empresas do norte do país envolvidas na temática da Mobilidade Eléctrica e que estão a contribuir em grande medida para o desenvolvimento de cidades eficientes.
Rodrigo Ferreia da Silva,
Presidente da ARAN
Presidente da ARAN
No Plano Nacional de Energia e Clima, o Governo ambiciona que, já em 2030, cerca de 30% dos carros sejam eléctricos. Acha possível?
Acho possível o objectivo dos 30% carros eléctricos para 2030, mas mais importante é que o parque como um todo seja mais ecológico, actualmente, 1 em cada 6 carros tem mais de 20 anos. É importante ter objectivos, mas que sejam atingíveis e que até lá chegar sejam criadas etapas intermédias que permitam aos consumidores, às empresas e ao Estado adaptarem-se. É preciso não perder de vista as etapas intermédias e planeá-las.
Não há incentivo para abate de carros mais antigos e compra de novos carros mais amigos do ambiente. Não é preciso ser eléctrico para ser mais ecológico.
Os eléctricos serão uma parte do futuro, mas não o futuro como um todo. Preferia ver planos e objectivos intermédios de um caminho para a descarbonização da economia.
Na sua opinião, a região norte do país está em linha com outras cidades europeias a nível de mobilidade sustentável?
A realidade que melhor conheço é o Grande Porto, que deu um salto quântico, com o Metro do Porto que foi um grande projecto em termos de mobilidade sustentável.
No sector dos automóveis, falta-nos o reforço dos postos de carregamento nos carros eléctricos e outras infraestruturas, como parques de estacionamento para motas e bicicletas, ciclovia. A parte de ‘hardware’ ainda está atrasada.
No que diz respeito à mobilidade sustentável, não é sustentável existirem transportes de serviço urbano com a idade e os níveis de poluição com que muitos deles continuam a circular na estrada.
Há uma grande necessidade da renovação dos parques dos transportes urbanos por questões de segurança e mobilidade. São duas faces da moeda da mobilidade sustentável.
Qual será o futuro dos automóveis?
Não há um futuro só dos automóveis, Haverá vários futuros. No futuro, o consumidor do automóvel terá menos noção de propriedade e mais de utilização, integrada na mobilidade sustentável, assim como produtos e serviços de subscrição automóvel.
Haverá sempre pessoas a comprar carros. Híbridos, eléctricos, hidrogénio serão o desenvolvimento do produto.
Quanto ao futuro dos construtores automóveis haverá fusão e aquisição e grandes plataformas, nas quais vão necessariamente estar integrados operadores de tecnologias de informação.