Quinta-feira, Abril 18, 2024

4.ª Revolução Industrial, um mundo novo

Pedro DuarteDiretor da Microsoft

Nunca a humanidade evoluiu tanto em tão pouco tempo. Apelidam estes tempos de quarta revolução industrial, porque, na verdade, tem similitudes com outros momentos de disrupção vivenciados nos últimos séculos. Fortemente impulsionados por avanços tecnológicos (a máquina a vapor, a eletricidade, os computadores…), estes saltos civilizacionais reconfiguraram a forma como vivíamos, como trabalhávamos e como nos relacionávamos.

Contudo, há caraterísticas singulares nesta nova era. Identifico, essencialmente, duas. A velocidade exponencial com que se está a impor e a escalabilidade com que está a alastrar. Em poucos anos as mudanças são brutais, prevendo-se que o ritmo de transformação nas nossas vidas, pessoais, relacionais ou profissionais, não abrande. E a abrangência é globalmente holística! Sente-se, simultaneamente, em todas as regiões do mundo, impactando todos os setores das sociedades e das economias.

É uma revolução que alguns apelidam de tecnológica. O que se compreende na medida em que é impulsionada pela inteligência artificial, pelo cloud computing, pela Internet of Things ou pelo blockchain. Mas é importante que se perceba que a verdadeira revolução não é tecnológica. Esta é, tão-só, o ‘enabler’ ou o combustível destas mudanças. A verdadeira revolução está na sociedade em rede, profundamente conectada e interligada, que estamos a consolidar. Onde estamos mais próximos de tudo e de todos, à distância de um clique.

Este novo Mundo está a gerar oportunidades inimagináveis. O recurso a estas novas tecnologias tem permitido gigantescos avanços na área da saúde, seja na prevenção, diagnóstico ou terapia. Novos resultados no combate efetivo às alterações climáticas. Novas soluções na luta contra a pobreza e a fome globais. Novos recursos na economia, em áreas tão diversificadas que vão da produção agrícola ao comércio ‘online’, não excluindo qualquer área de negócio ou qualquer empresa, independentemente da sua dimensão. Novas respostas na investigação científica e novas dimensões na mobilidade e vida urbana. Novos modelos no sistema financeiro e novos investimentos nas indústrias com capacidade de inovação. Novas formas mais eficientes de educar e formar e um novo acesso revigorado à fruição cultural. E, talvez o mais importante, um modo de vida reinventado que proporciona mais oportunidades de realização pessoal e uma maior equilíbrio e bem-estar para uma vida de qualidade por parte de cada indivíduo.

Como sempre se verifica nestes processos de mudança, há novas ameaças que igualmente emergem. A este respeito, elencaria essencialmente três: em primeiro lugar, a transformação no mundo de trabalho que imporá uma forte vaga de requalificação dos recursos humanos. As novas dinâmicas promoverão a criação de inúmeras novas tarefas e novos empregos, mas não se ignora que há um processo de transição que tem de ser enfrentado com audácia e eficácia. Em segundo lugar, o risco de incremento de desigualdades no seio das sociedades. Os previsíveis aumentos na produtividade serão municiadores de riqueza, mas a concentração dos benefícios é um risco real que urge contornar. Por último, e não menos importante, dever-se-á olhar com acuidade para as potenciais ameaças relacionadas com a segurança e com a privacidade. Os novos meios ao dispor de indivíduos, organizações e Estados criam vulnerabilidades que poderão exponenciar riscos que ponham em causa a paz, tranquilidade e dignidade de todos nós. Novas respostas à escala global terão de ser encontradas no curto prazo.

É certo que não devemos ignorar os riscos e a necessidade de atuar para os evitar. Contudo, o nosso foco deve estar nas oportunidades. Em particular para um País como Portugal, este tempo de mudança pode significar o salto de desenvolvimento e de sustentabilidade de que tanto carecemos. A transformação do paradigma económico pode colocar-nos na linha da frente dos Países mais desenvolvidos do globo, económica e socialmente. Temos os recursos necessários. Falta-nos um compromisso político alargado que dê prioridade a este desígnio e que execute medidas de choque na modernização do nosso sistema de ensino e formação, na promoção da inovação nas empresas e na criação de um ambiente favorável ao investimento. Todos devemos sentir-nos convocados para esta causa nacional.

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