Falar do futuro do setor da Energia é falar de constante mudança, a um ritmo cada vez mais exponencial. Na última década o setor mudou mais do que nos 50 anos anteriores e, nos próximos anos, a mudança será ainda sem dúvida mais expressiva.
Podemos perspetivar esta mudança olhando essencialmente para uma revolução que será feita em três dimensões: Descarbonização, Descentralização e Digitalização.
Estes são os motores desta mudança. E o propósito desta mudança será o cliente, que cada vez mais estará no centro de tudo e nomeadamente no centro da evolução do setor da energia.
Começando pela Descarbonização, hoje as alterações climáticas são inegáveis e a necessidade de redução das emissões de carbono é urgente. A descarbonização do mundo passará obrigatoriamente por uma eletrificação massiva dos nossos consumos, a todos os níveis, num planeta em que ainda mais de mil milhões de pessoas ainda vivem sem eletricidade. Isto implica uma alteração profunda daquilo que é o modelo económico atual que está assente em combustíveis fósseis. A transição para uma economia “elétrica” será assente em energia Renováveis e naquilo tem sido a forte aposta na eficiência energética.
Por outro lado, a Descentralização da produção e a cada vez maior capacidade de armazenamento que decorre dos avanços da tecnologia, estão a transformar por completo o negócio deste setor. Neste novo contexto o cliente passa de mero consumidor para produtor e gestor da sua própria energia. E tudo isto, graças aquilo que tem sido uma cada vez maior inovação neste setor, será assente num sistema totalmente eletrificado e resiliente.
A Digitalização, que tem tido fortes implicações em todos os sectores e que tem criado disrupções profundas nos modelos de negócio mais tradicionais, é a peça que ligará todas estas componentes, permitindo mais eficiência quer do lado da oferta quer da procura. Caminhamos, assim, para uma internet da energia, em que tudo estará ligado e à distância de um clique. Mais uma vez, é o cliente que será beneficiado com este avanço, permitindo gerir toda a informação relacionada com os seus consumos de energia de uma forma cada vez mais eficaz.
O futuro confronta-nos assim com um cliente mais informado, mais tecnológico, mais exigente e mais independente. Por isso, o futuro por muitas incógnitas que ainda tenha, irá seguramente implicar que as escolhas neste setor sejam tomadas de forma coletiva e numa sociedade que irá exigir a total transparência na forma como atuam as empresas de energia.